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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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em coro seu grito de guerra: “Auf geht’s, Bay ern, schieβt ein Tor!” [Vamos,<br />

Bay ern, marca um gol!].<br />

O Bay ern era pura adrenalina, mas as duas primeiras jogadas já<br />

prenunciavam o que aconteceria depois. Aos vinte segundos, Ribéry recolheu a<br />

bola no canto esquerdo e tentou escapar de Carvajal, mas Gareth Bale veio em<br />

auxílio do lateral do Real Madrid e juntos eles interromperam o ataque. Todo o<br />

resto da noite foi sempre um três contra dois nas pontas a favor do Real. Aos 45<br />

segundos, o time espanhol lançou um contra-ataque e pôs o Bayern em xeque.<br />

Pep diria mais tarde que com poucos minutos de jogo já sentiu que o time não<br />

estava funcionando. Na verdade, isso se comprovou no primeiro lance. O árbitro<br />

apitou, o Real passou para trás e Mandžukić e Müller partiram como loucos<br />

perseguindo a bola. Era um gesto de coragem e ambição, mas também uma<br />

indicação de que o meio de campo do Bayern iria ficar vazio a noite toda, a<br />

mercê do adversário. O técnico tinha deixado Rafinha no banco e colocado<br />

Lahm, o capitão, na lateral direita. Essa escolha acabou sendo crucial porque, na<br />

noite mais importante do ano, <strong>Guardiola</strong> tirou do meio de campo o homem que<br />

tinha reordenado todas as peças, o melhor meio-campista da temporada, o eixo<br />

da equipe. Kroos (direita) e Schweinsteiger (esquerda) formaram a dupla de<br />

volantes alterando o lado que ocupam naturalmente, mas sempre estiveram em<br />

nível inferior ao adversário: quando atacavam, porque lhes faltava a qualidade do<br />

último passe de Lahm, Thiago ou Götze; quando defendiam, simplesmente<br />

porque estavam em menor número que os madridistas.<br />

O Real jogou com mais cabeça que o Bay ern, que atuou acelerado, sem<br />

controlar o jogo. Foi uma noite perfeita para compreender que uma coisa é ter a<br />

bola em seu poder e outra diferente é controlar o jogo. O Bay ern tinha a bola; o<br />

Real, no entanto, teve o controle das ações. Foi assim porque Pep desobedeceu a<br />

suas próprias ideias, as que vinha semeando ao longo da temporada. O time saiu<br />

mal com a bola de trás, muitas vezes com lançamentos longos, deixou seus<br />

meios-campistas em inferioridade, não avançou de forma conjunta, com os<br />

jogadores agrupados e, por fim, não conseguiu criar superioridade em nenhuma<br />

zona do campo. Portanto, cada bola perdida era uma oportunidade para o Real,<br />

que além de tudo viu Luka Modrić ter uma atuação soberba. Sem moderação<br />

nem paciência, o Bayern jogou rachado em dois. Os primeiros gols, de Sergio<br />

Ramos, chegaram em um escanteio e uma falta indireta nos quais, é claro, o<br />

Bay ern se defendeu mal, mas isso não foi uma casualidade, apenas fruto do<br />

modo descuidado de atuar da equipe, de sua absoluta falta de controle tático e<br />

emocional.<br />

O Bayern não deixou de lutar nem sequer quando Cristiano Ronaldo marcou o<br />

terceiro gol, em um contra-ataque fulgurante que começou com um passe<br />

involuntário de Ribéry a Bale e terminou em quatro combinações madridistas,

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