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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Momento 30<br />

O clique<br />

“Maria! Màrius! Venham, rápido!”<br />

Munique, 15 de setembro de 2013<br />

Os dois filhos mais velhos de <strong>Guardiola</strong> param de brincar e correm até o canto<br />

da casa onde o pai trabalha. É a segunda “caverna” de Pep. A primeira fica em<br />

Säbener Straβe, onde ele mantém uma sala própria. A segunda é o quartinho no<br />

final de um corredor em seu apartamento, no centro de Munique. Alguns poucos<br />

metros quadrados, uma cadeira e um computador portátil.<br />

Neste domingo, 15 de setembro, <strong>Guardiola</strong> está profundamente abatido. O<br />

jogo de ontem o desanimou. Os resultados são positivos: o Bayern ganhou a<br />

Supercopa europeia, é segundo na liga a dois pontos do Borussia Dortmund e só<br />

perdeu uma partida em um mês e meio — a final da Supercopa alemã —, mas<br />

nada disso o satisfaz. Ele vive de resultados, como qualquer outro treinador, mas<br />

o que realmente lhe dá prazer é a maneira de jogar do time. Está triste e sem<br />

ânimo. Já se sentiu assim durante a partida de ontem contra o Hannover 96,<br />

apesar de no intervalo ter conversado com os jogadores e introduzido uma série<br />

de mudanças táticas para alcançar a vitória. Na coletiva, mostrou-se contente<br />

com o resultado (2 a 0) e o rendimento, mas por dentro estava decepcionado. No<br />

jantar pós--jogo, no Play ers Lounge, nós o vimos distraído: ele sentia que não<br />

estava conseguindo passar sua ideia de trabalho aos atletas, que não conseguia<br />

fazê-los jogar bem.<br />

Depois do treino da manhã, correu para casa em vez de ficar no campo<br />

conversando com seus auxiliares como costuma fazer. Comeu rapidamente e se<br />

instalou em sua “caverna”. “Perdão, Cristina, tenho que trabalhar”, disse à<br />

esposa.<br />

Cristina vive há tantos anos com ele que não precisa de explicações. Quando<br />

Pep está assim, silencioso, meditativo e tristonho, é porque culpa a si mesmo por<br />

alguma coisa. Não põe a culpa nos jogadores do Bayern pelo baixo rendimento,<br />

mas em si mesmo por não extrair deles o máximo potencial, não escolher bem<br />

as palavras ou as atividades, não posicionar bem os atletas ou não construir uma<br />

plataforma para que eles expressem suas qualidades. <strong>Guardiola</strong> é filho de paleta,<br />

como se diz em catalão. Seu pai, Valentín, é um pedreiro de Santpedor, perto de<br />

Manresa, na região central da Catalunha. Foi ele quem ensinou Pep a não<br />

transferir a culpa para os outros e a se sentir responsável por seus atos. Hoje,<br />

<strong>Guardiola</strong> é um dos técnicos mais respeitados do mundo e dirige um grande<br />

clube, mas segue sendo filho de pedreiro — é e se sente, portanto, responsável

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