17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

LEÕES E CAÇADORES<br />

Quem quiser um relato factual preciso do <strong>seqüestro</strong><br />

do embaixador norte-americano Charles Elbrick tem agora<br />

à disposição o livro O <strong>seqüestro</strong> dia a dia (editora Nova<br />

Fronteira, 1997), de Alberto Berquó, que, ao contrário do<br />

de Gabeira, não é escrito na primeira pessoa, mas na ótica<br />

coletiva do grupo que teve todos os méritos de realizá-lo e<br />

no qual Gabeira foi um personagem lateral e ocasional.<br />

Ali encontramos o desenrolar dos planos, desde sua<br />

elaboração pela direção do MR-8 <strong>da</strong> época, até sua<br />

execução, à qual se somaram militantes <strong>da</strong> ALN vindos<br />

de São Paulo. Vemos também flashes do que acontecia<br />

simultaneamente em vários pontos do país, retirados<br />

<strong>da</strong> imprensa. Como, por exemplo, <strong>da</strong>s colunas de Ibrahim<br />

Sued, Zózimo, Tarso de Castro, Hélio Fernandes,<br />

Swann e Jacinto de Thormes, entre outras.<br />

Revemos ali situações e personagens conspícuos <strong>da</strong><br />

época, como a proibição do juiz Allyrio Cavalieri de<br />

que qualquer criança pedisse esmolas em to<strong>da</strong> a Guanabara,<br />

solicitando à população que “denuncie qualquer<br />

petitório”. Também nos deparamos com conversas reais<br />

do embaixador norte-americano com Franklin Martins<br />

e com Joaquim <strong>da</strong> Câmara Ferreira.<br />

O <strong>seqüestro</strong> dia a dia é um relato do <strong>seqüestro</strong> que<br />

<strong>da</strong>ria um grande filme. Provavelmente dirigido por<br />

Costa-Gavras ou por Ruy Guerra, para não perder sua<br />

dimensão incontornavelmente política, isto é, histórica.<br />

Sem o que, somos apenas leões abatidos pelos caçadores,<br />

que sabem inventar suas histórias e fazer bom uso delas.<br />

EMIR SADER é professor de sociologia na<br />

Universi<strong>da</strong>de de São Paulo.<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!