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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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DANIEL AARÃO REIS Fº<br />

longos anos ao mais virulento anticomunismo, assumiu<br />

a guar<strong>da</strong> do acervo/memória dos comunistas brasileiros<br />

e incentiva debates e pesquisas a respeito do assunto.<br />

O jornal se lança à procura dos mortos assassinados pelas<br />

forças arma<strong>da</strong>s. E, assim, fazendo lembrar os tempos<br />

de uma União Soviética que já não é mais, os terroristas<br />

convertem-se em guerrilheiros, os justiceiros, em assassinos,<br />

e o jornal, de caçador, transmu<strong>da</strong>-se em defensor<br />

dos caçados e cassados, e faz coro a favor <strong>da</strong>s indenizações<br />

aos mortos e desaparecidos, vítimas de um regime<br />

que ele sempre sustentou. As cartas se embaralham de<br />

vez, numa vertigem. De que se aproveita o responsável<br />

pelo filme do <strong>seqüestro</strong> do embaixador norte-americano<br />

para afirmar, sem sorrir, que não tem nenhum compromisso<br />

com a reali<strong>da</strong>de, a não ser, é claro, com a reali<strong>da</strong>de<br />

dos pecuniários benefícios que pretende colher,<br />

afinal, nestes tempos neoliberais, converteram-se em<br />

virtudes os vícios de outrora.<br />

Tempos de conciliação. Enquanto durarem, estará<br />

assegura<strong>da</strong> a hegemonia <strong>da</strong>s versões de Gabeira &<br />

Ventura. Reforça<strong>da</strong>s pela metamorfose dos herdeiros<br />

do doutor Roberto Marinho. E pelos filmes que<br />

haverão de vir.<br />

Nesta sinfonia, os anos 60 terão sido anos vibrantes,<br />

mas loucos, e mesmo psicóticos, como chegou a afirmar<br />

um roteirista. Sobre eles deve cair um manto de compreensão<br />

e de boa vontade. Não é isso o que de melhor<br />

podemos <strong>da</strong>r aos meninos rebeldes dos anos 60? Quanto<br />

aos mortos, um cheque de R$ 150 mil, e temos a conversa<br />

resolvi<strong>da</strong>: arquive-se. Anistia para esta dor.<br />

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