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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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ELIO GASPARI<br />

Naquela época, o advogado Marcello Alencar defendia<br />

presos políticos. Hoje, diz que entre os surrados de Ci<strong>da</strong>de<br />

de Deus “não há nenhuma Virgem Maria”.)<br />

Há algo de estranho no papel que coube a Virgílio<br />

Gomes <strong>da</strong> Silva na memorialística do período. Como<br />

livro de memórias é coisa de intelectual, o operário<br />

acabou se tornando um estorvo. Virou um personagem<br />

ora secundário, ora embrutecido. Uma espécie de tipo<br />

excessivamente popular para caber num cenário habitado<br />

(e narrado) por gente fina. Mais estranho é que esse<br />

desconforto tenha se repetido anos depois, quando se<br />

teve de achar um lugar na história para um metalúrgico<br />

paulista chamado Manuel Fiel Filho, assassinado em<br />

1976, em São Paulo. De sua morte resultou a demissão<br />

do coman<strong>da</strong>nte do II Exército, e a partir dela o presidente<br />

Ernesto Geisel encurralou os torturadores que desafiavam<br />

sua autori<strong>da</strong>de. Não só a morte de Fiel é pouco<br />

lembra<strong>da</strong>, como sua viúva não conseguiu receber integralmente<br />

a indenização que conquistou na Justiça em<br />

1980. Ela continua na fila dos precatórios.<br />

115<br />

ELIO GASPARI é jornalista.

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