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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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HISTÓRIA: FICÇÃO, REALIDADE E HIPOCRISIA<br />

canos, no qual um grupo de meninos <strong>da</strong> classe média<br />

carioca (alguns deles também sabem falar inglês) brincam<br />

de revolucionários, sob o comando de dois mafiosos/terroristas<br />

paulistas (que não sabem falar inglês) e<br />

seqüestram um cândido e inocente embaixador norteamericano.<br />

Atenção, que o falar inglês aqui assume a<br />

caracte-rística do mais primário preconceito cultural, tão<br />

típico dos dias atuais. A tal ponto, que os dois coman<strong>da</strong>ntes<br />

<strong>da</strong> operação/<strong>seqüestro</strong>, os caipiras vindos de São<br />

Paulo, os maus <strong>da</strong> fita, são os únicos que morrem, como<br />

diz no final a companheira Maria. Coincidência sutil,<br />

subliminar...<br />

Que bom também saber que havia uma ditadura<br />

militar no país entre os anos de 1964 e 1979, mas que os<br />

seus principais prepostos — policiais e militares — eram<br />

homens com escrúpulos em exercer a violência e a barbárie<br />

<strong>da</strong> tortura, divididos entre o dever (conferir as<br />

falas do personagem quando explica o que faz à mulher<br />

de baby-doll) e o humanismo cristão (o crucifixo pendurado<br />

na parede do quarto), ao contrário dos guerrilheiros<br />

de esquer<strong>da</strong>, impiedosos, incrédulos, amorais,<br />

pérfidos. Como é que aqueles garotos ingênuos se deixaram<br />

manobrar pela “experiência” dos mais velhos?<br />

Chegam a ser ridículas as cenas em que o militante mais<br />

novo acende o cigarro do coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> ação, o Jonas,<br />

e a do personagem Toledo ouvindo a Internacional<br />

numa vitrola, enquanto o mundo desaba lá fora. Ou o<br />

pôster soviético displicentemente largado junto à mesinha<br />

do telefone. Se esses dois últimos ícones devem<br />

informar que os personagens são comunistas mesmo,<br />

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