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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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CONTRAPONTO<br />

querer elevar o longa-metragem à estatura de uma obra-prima,<br />

o que ele não é, a comparação é váli<strong>da</strong> para entender<br />

que sua mentira tão odia<strong>da</strong> não é a mentira factual — embora<br />

esta seja ataca<strong>da</strong> com mais freqüência. A sua mentira mais<br />

odia<strong>da</strong>, e menos nomea<strong>da</strong>, seria a mentira de sentido. Com<br />

todo o respeito pelos argumentos alheios, eu diria que criticam<br />

o filme porque ele não é ideologicamente correto. Ou,<br />

em outras palavras, porque ele não desven<strong>da</strong>, por baixo <strong>da</strong><br />

sucessão dos fatos, a ver<strong>da</strong>de redentora que gostaríamos de<br />

ver ali na tela. E aqui chegamos ao que tenho chamado de<br />

deslocamento do narrador. É esse movimento que gera o<br />

que nos aparece como uma mentira de sentido.<br />

* * *<br />

Para evitar uma abor<strong>da</strong>gem idealista, é bom não esquecer<br />

as condições de produção e consumo do cinema nacional<br />

contemporâneo. No sucesso e no fracasso, o filme brasileiro<br />

é realizado hoje para ser um produto viável no chamado<br />

“mercado externo”. Assim como os executivos, os jogadores<br />

de futebol e os cantores baianos, o cinema nacional<br />

tem que falar inglês para sobreviver, e o filme de Bruno<br />

Barreto não seria exceção: teria mais chances no mercado<br />

externo se falasse inglês também (um pouco de português é<br />

sempre bom para <strong>da</strong>r o toque indispensável de exotismo<br />

étnico.)<br />

Os cineastas <strong>da</strong>qui têm encontrado saí<strong>da</strong>s melhores e<br />

piores para a atender a essa mesma necessi<strong>da</strong>de: uns inventam<br />

uma bobagem qualquer como um rapaz que vai passar<br />

férias em algum país e conhece uma namora<strong>da</strong> americana;<br />

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