17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

QUE HISTÓRIA É ESSA?<br />

ra. E ain<strong>da</strong> anunciava que seriam explorados aspectos<br />

dos conflitos internos <strong>da</strong>s organizações de esquer<strong>da</strong>, entre<br />

os militantes intelectualizados de classe média e os de<br />

extração mais pobre.<br />

Ora, a questão é que o filme — mesmo enquanto<br />

ficção, independentemente de sua correspondência com<br />

os fatos históricos — contém vários clichês usuais no<br />

cinema norte-americano: um velho sábio que conhece<br />

as mazelas do mundo, mas não deixa de sofrer suas conseqüências<br />

(o embaixador seqüestrado); um supermocinho<br />

idealista e ingênuo, o jornalista revolucionário inspirado<br />

em Gabeira; um supervilão baseado no militante<br />

Jonas, que tem todos os defeitos dos bandidos russos dos<br />

filmes <strong>da</strong> época <strong>da</strong> Guerra Fria: calculista, insensível,<br />

traiçoeiro, ressentido com o mocinho, para quem arma<br />

sórdi<strong>da</strong>s arapucas; cenas complementares de sexo e corri<strong>da</strong>s<br />

de automóvel. Mas faltam algumas <strong>da</strong>s virtudes<br />

dos bons filmes de aventura, especialmente a verossimilhança<br />

na condução <strong>da</strong> trama — como aponta o artigo de<br />

César Benjamin nesta coletânea.<br />

A intenção anuncia<strong>da</strong> de romper com maniqueísmos<br />

foi por terra, e mais ain<strong>da</strong> a de trabalhar com os<br />

conflitos internos <strong>da</strong>s organizações clandestinas, ao estereotipar<br />

como bandido o operário Jonas, tomando<br />

abertamente partido do mocinho intelectual de classe<br />

média, Gabeira. Quanto ao personagem do oficial torturador,<br />

na<strong>da</strong> a objetar que ele tenha drama de<br />

consciência, embora isso crie um contraste com o “sanguinário”<br />

Jonas — que na vi<strong>da</strong> real era um digno e valente<br />

militante, morto sob tortura logo após o <strong>seqüestro</strong>, e<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!