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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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ALIPIO FREIRE<br />

de inconsciência, as técnicas de condicionamento e subliminares<br />

e a catarse para atingir a subjetivi<strong>da</strong>de do leitor<br />

pela porta dos fundos. O filme segue seus passos.<br />

Levando-se em conta os tempos de que trata e os<br />

recursos literários que mobiliza, o livro/argumento pode<br />

ser dividido, grosso modo, em três blocos.<br />

O primeiro bloco, cujo tempo real abrange do golpe<br />

civil-militar de 1964 até setembro de 1969 e que engloba<br />

os 15 primeiros capítulos, estrutura-se fun<strong>da</strong>mentalmente<br />

como uma peça do teatro de revista.<br />

Uma série de pequenos sketches por onde circula —<br />

como personagem central e costurando-os entre uma<br />

piadinha e outra — o ficcional-Gabeira. Os militantes<br />

são construídos linearmente enquanto personagens, ao<br />

passo que aquele é complexo e profundo. Diferentemente<br />

do teatro de revista, o personagem central/estrela<br />

está excluído do deboche. O teatro de revista não precisa<br />

de heróis. Onde a estrela não se leva a sério, o ficcional-Gabeira<br />

é um poço de bom senso e de outras virtudes<br />

ao gosto de uma classe média conservadora.<br />

O humor e as insinuações do teatro de revista são<br />

geralmente construídos na base <strong>da</strong> ambigüi<strong>da</strong>de de<br />

signos e de silogismos, falsos silogismos e sofismas, onde<br />

o terceiro termo (a conclusão) é deixado quase sempre<br />

em aberto, a cargo <strong>da</strong> imaginação já anteriormente induzi<strong>da</strong><br />

do espectador. É nessa estrutura de lógica formal<br />

que o autor encaixará algumas formulações <strong>da</strong> autocrítica<br />

<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>, manipulando tais formulações e<br />

submetendo-as à lógica <strong>da</strong>s palavras, e não à dinâmica<br />

dos fatos.<br />

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