17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

À MANEIRA DE UM BALANÇO: EPÍLOGO OU PRÓLOGO?<br />

60, a ditadura e a trajetória de uma esquer<strong>da</strong> rebelde.<br />

Por incrível que pareça, mais um resultado imprevisto.<br />

Porque os autores do filme tinham preparado e estavam<br />

esperando uma outra discussão, em torno de quem<br />

tinha escrito o quê, quem fizera isto ou aquilo quando,<br />

quem transara ou não transara com quem. Queriam que<br />

se apreciasse o bom gosto <strong>da</strong> trilha sonora. E, sobretudo,<br />

que as pessoas relaxassem e curtissem o filme. Com<br />

efeito, para que perder tempo com aborreci<strong>da</strong>s reflexões?<br />

É tão penoso e pesado pensar. Por que não relaxar e<br />

curtir?<br />

Mas as pessoas resolveram pensar. E, pensando, não<br />

gostaram de associar o torturador à delicadeza e o guerrilheiro<br />

à boçali<strong>da</strong>de. Os autores do filme queriam chegar<br />

a um ponto etéreo, eqüidistante entre torturadores<br />

e torturados, igual e assepticamente distanciado <strong>da</strong> ditadura<br />

e dos guerrilheiros. Mas houve dificul<strong>da</strong>des para<br />

encontrar este ponto, e as pessoas pareceram simpatizar<br />

mais com os vencidos do que com os vencedores. Aliás,<br />

no filme, e apesar dos autores, os vencidos vencem e os<br />

vencedores perdem. Uma coisa inusita<strong>da</strong>. Mas estranho<br />

mesmo é que a grande maioria não ficou neutra, gostou<br />

de ver os vencidos vencerem, pelo menos uma vezinha.<br />

O que, de certo modo, reproduziu o que já havia ocorrido<br />

naquele longínquo mês de setembro de 1969.<br />

Nem nos personagens centrais os autores acertaram<br />

a mão. Fizeram o filme para projetar o Paulo/Gabeira.<br />

Um homem pretensamente sem quali<strong>da</strong>des, mas, de fato,<br />

sem defeitos. César Benjamin fez o inventário <strong>da</strong> perfeição:<br />

Paulo/Gabeira é criativo, sedutor, elegante, ousa-<br />

184

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!