Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ENTREVISTA COM CLÁUDIO TORRES<br />
Rio, uma dissidência universitária, estu<strong>da</strong>ntil, do Partido<br />
Comunista Brasileiro do Estado do Rio, de Niterói. E esse<br />
grupo tentou a guerrilha rural lá no Paraná e foi dizimado,<br />
foi preso e alguns foram mortos. A grande imprensa começou<br />
a publicar que a guerrilha no Brasil tinha acabado e nós,<br />
para fazer uma espécie de contrapropagan<strong>da</strong>, ou seja, utilizando<br />
essa afirmação para exatamente mostrar que isso não<br />
era ver<strong>da</strong>deiro, que a guerrilha continuava, nós passamos a<br />
assinar as nossas operações com o nome de MR-8. Foi assim<br />
que terminamos adotando e terminamos sendo conhecidos<br />
como MR-8. Diga-se de passagem, esse MR-8 que até alguns<br />
anos atrás ain<strong>da</strong> existia, tem muito pouco a ver ou na<strong>da</strong> a ver<br />
com o antigo MR-8. Esse atual, se é que ain<strong>da</strong> existe, eu não<br />
sei, usa esse nome porque dois ou três dos quadros antigos<br />
fun<strong>da</strong>ram ou praticamente refun<strong>da</strong>ram uma outra organização<br />
que tem outros objetivos, com outra visão de mundo,<br />
que não tem absolutamente na<strong>da</strong> a ver com o antigo. Quanto<br />
à operação do <strong>seqüestro</strong>, algumas questões precisam ser<br />
resgata<strong>da</strong>s, e volto a dizer, eu só me proponho a fazer isso<br />
exatamente porque o filme confunde intencionalmente,<br />
mistura e deforma, e não o faz de forma inocente, como nós<br />
vamos ver logo a seguir.<br />
Como foi a conversa com o embaixador?<br />
CLÁUDIO — Primeiro, o Jonas era o coman<strong>da</strong>nte militar.<br />
As perguntas ao embaixador não foram feitas por ele, e sim<br />
pelo Toledo e por mim. A primeira coisa que eu disse na<br />
abertura dessa entrevista com o embaixador foi exatamente<br />
o seguinte: “O senhor não precisa se preocupar com intimi<strong>da</strong>ções<br />
porque nós não costumamos agir como a polícia<br />
195