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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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FICÇÃO É JULGADA SOB AS LENTES DA HISTÓRIA<br />

REIS — Bom, o Gabeira, como jornalista muito talentoso,<br />

tinha vindo para a organização em 1968 e passou a<br />

atuar num organismo que chamávamos de Frente <strong>da</strong>s<br />

Cama<strong>da</strong>s Médias: uma frente de atuação na classe média.<br />

O movimento estu<strong>da</strong>ntil já estava em recuo, todos os<br />

movimentos de classe média também, mas a gente mantinha<br />

muitos contatos entre os jornalistas, bancários e<br />

advogados (menos). Essa frente tinha o objetivo de organizar<br />

todo esse pessoal em apoio às ações arma<strong>da</strong>s que,<br />

desde abril de 1969, tinham se tornado o foco principal<br />

de atuação <strong>da</strong> organização. Na ver<strong>da</strong>de, tínhamos dois<br />

focos de ação principais: as ações arma<strong>da</strong>s e as ações de<br />

agitação nas fábricas. E um terceiro foco importante, de<br />

apoio a esses dois, era o foco nas classes médias, e o Gabeira<br />

fazia parte dessa frente. Uma coisa que essa Frente<br />

<strong>da</strong>s Cama<strong>da</strong>s Médias reclamava muito era de que não<br />

tínhamos uma imprensa autônoma. Daí, com o dinheiro<br />

colhido nas expropriações, compramos uma máquina<br />

Multilite — uma máquina de mimeógrafo mais sofistica<strong>da</strong><br />

— e instalamos numa casa na rua Barão de<br />

Petrópolis. E a única maneira de termos aquela casa sob<br />

controle estrito <strong>da</strong> organização era colocar um militante<br />

alugando a casa. O Gabeira era o único militante que<br />

tinha essa condição, era mais velho para a época, já tinha<br />

sido jornalista — nesse momento, ele já estava profissionalizado<br />

pela organização —, era um cara que estava<br />

nas Cama<strong>da</strong>s Médias e ia gerenciar a Multilite. O Gabeira<br />

foi ser assim a capa legal <strong>da</strong> casa. Essa casa era para ser<br />

muito preserva<strong>da</strong>, na perspectiva inicial, porque seria a<br />

casa <strong>da</strong> nossa imprensa clandestina.<br />

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