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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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<strong>de</strong>veria ser neutro para que pu<strong>de</strong>sse ser objetivo e o pesquisado continuava a receber a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> objeto, embora fosse humano e social.<br />

O rigor pela total objetivida<strong>de</strong> ditada por leis <strong>de</strong> alcance universal constitui um dos<br />

paradigmas do Positivismo, que norteia a produção científica do século XIX. Estas leis<br />

gerais não po<strong>de</strong>m ser construídas caso sejam abertos os caminhos para a subjetivida<strong>de</strong> na<br />

produção científica, pois a subjetivida<strong>de</strong> aceita implica na possível diversida<strong>de</strong><br />

interpretativa e metodológica. A <strong>de</strong>sejada objetivida<strong>de</strong> certifica a produção do<br />

conhecimento como ciência e só se faz através das regras e procedimentos ditados pelas<br />

Ciências Naturais. Ou seja, para ser ciência, as produções <strong>de</strong> conhecimento voltadas a<br />

“objetos não-naturais” <strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer às mesmas regras das que se voltam aos fenômenos<br />

da natureza.<br />

Entretanto, no <strong>de</strong>correr do século XIX surgem alguns questionamentos acerca <strong>de</strong>stas<br />

regras científicas da pesquisa por parte dos estudiosos das Ciências Sociais. O trabalho <strong>de</strong><br />

campo <strong>de</strong> HUMBOLDT à Colômbia em 1840 tece um “hino <strong>de</strong> amor à observação<br />

participante”, enquanto Wilhelm DILTHEY publica a Introdução às Ciências do Espírito 3<br />

em 1883, on<strong>de</strong> constrói sua crítica à homogeneida<strong>de</strong> requerida na produção científica,<br />

afirmando a especificida<strong>de</strong> teórico-metodológica das “ciências do espírito” -ou “ciências<br />

particulares da socieda<strong>de</strong> e da história”, “ciências da realida<strong>de</strong> histórico-social”, “ciências<br />

do homem, da socieda<strong>de</strong> e da história”-, que visam “abranger o grupo <strong>de</strong> ciências que têm<br />

como objeto a realida<strong>de</strong> histórico-social” 4 , em contraposição às ciências da natureza:<br />

“Ora, a posição diltheyana ao domínio do naturalismo imperante em seu<br />

tempo espelha a necessida<strong>de</strong> mais profunda, sentida pelo autor, <strong>de</strong> justificar a<br />

força in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da realida<strong>de</strong> do mundo espiritual para a formação do<br />

pensamento filosófico, frente ao predomínio das ciências da natureza. Trata-se,<br />

então, <strong>de</strong> reconhecer a essência das ciências do espírito, o que significa, para o<br />

filósofo alemão, o mesmo que <strong>de</strong>finir os seus limites ante as ciências da<br />

natureza e, conseqüentemente, não aceitar uma simples submissão das ciências<br />

do espírito aos métodos próprios das ciências naturais” 5 .<br />

3<br />

DILTHEY, Wilhem. Introducción a las ciencias <strong>de</strong>l espiritu. México, Ed. Fondo <strong>de</strong> Cultura Económica,<br />

1978.<br />

4<br />

AMARAL, Maria Nazaré P.do. Dilthey: um conceito <strong>de</strong> vida e uma Pedagogia. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,<br />

Perspectiva/Edusp, 1987, p.5.<br />

5<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p.3.<br />

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