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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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Assim inicia-se a primeira alteração no uso do rio Itaúnas. Do uso extrativista<br />

realizado pela comunida<strong>de</strong> –caça, pesca, coleta-, o rio passa a servir como meio <strong>de</strong><br />

transporte da extração ma<strong>de</strong>ireira, sob a lógica da gran<strong>de</strong> exploração capitalista. Esta<br />

xploração traz, ainda, algumas transformações concretas no baixo curso do rio e no espaço<br />

urbano da se<strong>de</strong> do município:<br />

“Para colocar a ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ntro do navio e levá-la para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, foi<br />

necessário construir uma improvisada linha férrea <strong>de</strong> apenas 2km, ligando o<br />

seu local <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque ao cais <strong>de</strong> atracamento dos navios, na foz do Rio<br />

Cricaré, <strong>de</strong>ntro da se<strong>de</strong> do município <strong>de</strong> Conceição da Barra”. 78<br />

O <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Umberto ilustra o uso do rio Itaúnas para o transporte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira:<br />

“– Umberto, e a história das ma<strong>de</strong>iras que <strong>de</strong>sciam o rio aí ?<br />

Umberto – É, aí papai que trabalhou, né, papai trabalhou muito tempo. Aí<br />

tinha ma<strong>de</strong>ira aí que...grossona, memo.<br />

– Descia <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ?<br />

Umberto – Descia lá do Canário.<br />

– Do Império, que eles chamam, né?<br />

Umberto – É, é. De lá <strong>de</strong>scia, eles jogava n’água, embalsava, fazia o barraco<br />

em cima das ma<strong>de</strong>ira, pra dormir, pra vazar a noite, aí vinha <strong>de</strong>scendo, ficava<br />

empurrando com as vara, aí dava lá em baixo na Boca da...quaje, pra cima da<br />

Boca da Barra. Aí tinha uma estrada <strong>de</strong> ferro que ligava dali pra chegar na<br />

serraria da Barra.<br />

– Da serraria, já ia...<br />

Umberto– É, tauba, aí já virava tauba, ma<strong>de</strong>ira, né, construção. Mas era muita<br />

ma<strong>de</strong>ira, ichi! Quando eles <strong>de</strong>scia com uma balsa, assim, as ma<strong>de</strong>ira vai como<br />

daqui a Itaúna. Tudo encarrilhado...Aí ia amarrando uma na outra, aí <strong>de</strong>scia<br />

muita gente, né. Aí ia dois na guia, pra num bater na barranca, dos lado, e os<br />

resto vinha pra trás, vinha só empurrando. Aí levava meis em cima <strong>de</strong>sse rio,<br />

aí. De lá até chegar lá, na Barra”.(Umberto Batista do Nascimento,57, em<br />

27.09.99)<br />

Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> exploração repete-se nos rios Cricaré (município <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mateus), <strong>São</strong><br />

Domingos e Preto (em Conceição da Barra) e ao longo do vale do rio Doce, realizada por<br />

78 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

74

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