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NO Impacto Ambiental do Eucalipto, livro patrocinado por 37 empresas da<br />
Associação Nacional dos Fabricantes <strong>de</strong> Papel e Celulose, a produtivida<strong>de</strong> dos plantios do<br />
eucalipto é vinculada por LIMA 143 às suas “múltiplas utilizações” além da celulose, como<br />
para a lenha, quebra-ventos, sistemas agroflorestais e agrossilviculturais. No entanto, sabese<br />
que a expansão dos plantios priorizou a produção da celulose e além disto, a taxa <strong>de</strong><br />
crescimento das espécies limita-se ao incremento do tronco – e não conta com a copa-, só<br />
po<strong>de</strong>ndo ser utilizada após a <strong>de</strong>rrubada da árvore. Analisando a introdução da monocultura<br />
do eucalipto na Índia nO Inventário Ecológico sobre o Cultivo do Eucalipto, SHIVA 144<br />
questiona o “mito <strong>de</strong> sua alta produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa”:<br />
“A <strong>de</strong>struição da floresta natural altamente produtiva foi justificada com base<br />
no melhoramento da produtivida<strong>de</strong> do local. (...)<br />
As necessida<strong>de</strong>s humanas <strong>de</strong> biomassa não estão, entretanto, restritas ao<br />
consumo e uso apenas da biomassa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. A manutenção dos sistemas <strong>de</strong><br />
sustentação da vida é uma função <strong>de</strong>sempenhada principalmente pela biomassa<br />
da copa das árvores. É este componente das árvores que po<strong>de</strong> contribuir<br />
positivamente para a manutenção dos ciclos hidrológicos e <strong>de</strong> nutrientes. É<br />
também a fonte mais importante <strong>de</strong> biomassa para consumo, como combustível,<br />
forragem, adubo, frutos, etc.”<br />
RUSCHI amplia a questão da produtivida<strong>de</strong>, comparando a produção <strong>de</strong> biomassa<br />
animal em tipos diferentes <strong>de</strong> vegetação: na floresta natural, a biomassa animal atinge<br />
1.300 kg <strong>de</strong> vertebrados/km²/ano, sendo 400kg <strong>de</strong> mamíferos e 900 kg <strong>de</strong> aves; nas<br />
florestas nativas <strong>de</strong> eucalipto da Austrália, a biomassa chega a 600 kg/km²/ano em<br />
mamíferos e 210kg/km²/ano em aves; nos <strong>de</strong>sertos chega a 100kg/km²/ano; e no eucaliptal<br />
plantado, a biomassa animal chega a apenas 20kg/km²/ano em mamíferos e 8kg/km²/ano<br />
em aves, portanto, menor mesmo que a dos <strong>de</strong>sertos.<br />
Estes dados refletem a maior biodiversida<strong>de</strong> do mundo encontrada na Floresta<br />
Tropical Atlântica, que foi substituída pela monocultura <strong>de</strong> uma espécie exótica <strong>de</strong> rápido<br />
crescimento, acelerado ainda mais pela tecnologia, que possibilitou a redução do ciclo <strong>de</strong><br />
corte dos 15 anos iniciais necessários para 6 anos e a mecanização total do processo<br />
produtivo, diminuindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e seus custos. Segundo RUSCHI, do<br />
143 LIMA, Walter <strong>de</strong> Paula. O impacto ambiental do eucalipto. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Edusp, 1996, p. 211.<br />
144 SHIVA, Vandana e BANDYOPADHYAY, J. Inventário ecológico sobre o cultivo do eucalipto. Tradução<br />
Ana Lúcia da Costa Pereira. Belo Horizonte, Comissão Pastoral da Terra, 1991, p.56.<br />
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