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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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“Seu Osmar -...aí eu adquiri uma terrinha e fui trabalhar pra mim. Trabalhei<br />

pra mim, trabalhei pra mim, trabalhei pra mim, criei meus filho <strong>de</strong>ntro duma<br />

áreazinha...<br />

- Aon<strong>de</strong> era ?<br />

Seu Osmar – Aqui no Angelin.<br />

- O senhor comprou ?<br />

Seu Osmar – Eu requiri do Estado...A terra era pouco. Era...era quinze<br />

heuctária.<br />

- Como é que requeria do Estado ?<br />

Seu Osmar – Ah, requiria do Estado ! Requiria !... Requiria era a posse...é...era<br />

a posse”. (Osmar Souto, 76, em 03.05.99)<br />

Através da <strong>de</strong>marcação, o requerimento das posses representava a garantia <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> para as famílias e implantava a lógica e a realida<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong> particular<br />

sobre o antigo território <strong>de</strong> uso comum. SEABRA 91 discute as lógicas da proprieda<strong>de</strong> e da<br />

apropriação no uso do espaço:<br />

“O conflito pelo uso do espaço estaria revelando a essência do processo<br />

social: a proprieda<strong>de</strong> lutando contra a apropriação. (...) Isto <strong>de</strong>limita os<br />

problemas relativos ao território, os quais se colocam inicialmente no âmbito<br />

dos Estados, escala ou domínio do exercício da soberania, mas que propõe<br />

também a questão do território e das múltiplas territorialida<strong>de</strong>s para cada um<br />

e para todos. Há uma dimensão da territorialida<strong>de</strong> que se liga ao vivido, sem o<br />

que não há vida; trata-se <strong>de</strong> uma escala <strong>de</strong>marcável no espaço. A proprieda<strong>de</strong>,<br />

com toda a veemência, mostra a sua impossibilida<strong>de</strong>.”<br />

Os objetivos <strong>de</strong> assegurar a implantação da nova lógica <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> parecem estar<br />

diretamente vinculados ao projeto estatal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do plantio <strong>de</strong> eucalipto para<br />

produção <strong>de</strong> celulose, uma vez que as áreas não-solicitadas pelos moradores locais seriam<br />

passíveis <strong>de</strong> uso para este fim. Não sendo consi<strong>de</strong>radas juridicamente como comunais, mas<br />

como <strong>de</strong>volutas, estas terras constituíam verda<strong>de</strong>iras fontes <strong>de</strong> recursos para o Estado,<br />

através do potencial <strong>de</strong> mercadoria que passavam a adquirir. Segundo CAMPOS 92 ,<br />

91 SEABRA, O<strong>de</strong>te Carvalho <strong>de</strong> Lima. “A insurreição do uso”. In: MARTINS, José <strong>de</strong> Souza (org.). Henri<br />

Lefebvre e o retorno à dialética. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Hucitec, 1996, p.79.<br />

92 CAMPOS, op. cit, p.223.<br />

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