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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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“Quando ele é perguntado quantas proprieda<strong>de</strong>s comprou da Aracruz, por<br />

alguns minutos se cala e, simulando incerteza, respon<strong>de</strong>: ‘Não sei se mil, não<br />

sei se 200, faz muito tempo, é difícil falar, sei que foi muita terra’”. 95<br />

Os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> Dominguinho e Umberto nos revelam a permanente atuação dos<br />

“agrimensores” e “testas-<strong>de</strong>-ferro” das gran<strong>de</strong>s empresas, que eram os que iam ao campo e<br />

realizavam contato direto com os moradores:<br />

“Dominguinho – Não tinha eucalipto, não. E aí, o que que acontece? Veio um<br />

grimensor aí, um tal <strong>de</strong> Valzinho, e passou a perna em todo mundo aí, sabe.<br />

– Veio <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ?<br />

Dominguinho – Veio da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mateus. Ele que mediu as terra, pra<br />

fazer os documento das terra pra Aracruz, sabe. Então, esse pessoal do Angelin<br />

aí, tudo eles, a terra <strong>de</strong>les ia até a estrada, da linha que era igual ao do meu<br />

avô, né, e hoje eles só ficaram com um pedacinho, né. Esse cara, ele entrou lá<br />

ao tempo que muito <strong>de</strong>les num tinha documento, tinha um INCRA, uma coisa<br />

assim que eles pagavam, e esse cara, era Valzinho, veio como agrimensor e foi<br />

medindo as terra, foi medindo as terra e cortou as terra do pessoal tudo no<br />

meio aí.<br />

– O que ele falava, esse Valzinho ? Ele chegava medindo as terras pra que?<br />

Dominguinho – Pra Aracruz.<br />

– Eles falavam que a terra já era da Aracruz ?<br />

Dominguinho – Falavam que já era da Aracruz. E eles pegavam. Esse cara,<br />

esse cara ele ven<strong>de</strong>u as terra toda, né. Ele ven<strong>de</strong>u pra Aracruz as terra toda. O<br />

pessoal ficou com esse pedacinho <strong>de</strong> terra foi porque a Aracruz é que <strong>de</strong>ixou.<br />

Mas eles tinham a área toda comprada.<br />

– Então ele requereu do Estado...<br />

Dominguinho – Ele requereu e ven<strong>de</strong>u, e assim tem documento falso pra<br />

caramba nesse negócio. É porque essa área do meu avô, enten<strong>de</strong>, é uma área<br />

<strong>de</strong> her<strong>de</strong>iro, da minha avó, da minha bisavó, aquela coisa toda, né. Então,<br />

é...ele com documento, né” (Domingos Camillo, 41, em outubro/99).<br />

“Umberto – Aí, esse cara, aí, esse home daí, dona Castorina foi a primeira a<br />

requerer. On<strong>de</strong> é aquele eucalipi ali chegou, naquele outro com euclipi ali, o<br />

95 Século – o Espírito Santo em revista n.º 5, Ano I. Vitória, julho/2000, p. 32.<br />

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