Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...
Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...
Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
“João – Vinha por lá, por Itaúnas Velha, chegava, ficava, atrevessava ali,<br />
tinha o canoeiro que atrevessava, a gente passava beira rio e ia embora pra<br />
Barra. Aí ocê ia embora. Quando chegava lá, na Conceição da Barra, aqui no<br />
paiol, que era no...no Encruzo, a Serraria Pai João, aí levava abóbora,<br />
levava...já num era farinha às veiz que nóis levava, levava muita abóbora,<br />
melancia e tal, aí conversava com o cara...tinha o trilho, num sei se você já viu<br />
o trilho. Então, tinha o trilho, aí papai conversava com o gerente da Serraria,<br />
aí dizia assim “olha, te dou abóbora, melancia pra você me levá esses trem<br />
todinho pra lá”. Aí quando era o negócio <strong>de</strong> 4 hora, botava tudo <strong>de</strong>ntro, no<br />
trilho, aí pegava unnnnnn e ia rastando, e a gente já ia na frente com o cavalo<br />
e levava pra Barra, lá pra Barra! Depois chegava ali pro lado do hoje, ali na<br />
rua Pai João, que o Prefeito vai mudá, né que aquela rua que vai ali era rua<br />
Pai João, era a primeira rua ali, que você entrava ali, que mudaram, né?(...)<br />
Chegava na Barra, papai entregava os trem tudinho e vendia pros cara que<br />
tinha aquelas vendinha, né, Bacurau, Benevi<strong>de</strong>s, enten<strong>de</strong>u, conheceu aquele<br />
pessoal antigo, aí vendia a farinha, vendia a ...vendia tudo ! Hoje, se você levá,<br />
você num ven<strong>de</strong>, mas naquele tempo vendia tudo ! Vendia farinha, vendia o<br />
beiju, vendia o melado, vendia a abóbora, vendia a melancia, o que levava... o<br />
que levava da roça, vendia tudo. Aí tudo bem, aí passava eu ia pra casa <strong>de</strong><br />
minha tia, minha tia morava na Barra, aí passava dois dia, três dia, eu tirava<br />
muito caranguejo na minha tia, que nóis gostava muito <strong>de</strong> caranguejo, tava na<br />
roça, chegava fazia aquela panelada!... Aí pá, pá, pá, ficava um dia, dois, aí às<br />
veiz nóis ia num dia <strong>de</strong> sábado, né, porque pra pegá o domingo, aí ficava no<br />
domingo, aí papai na segunda-feira arrumava os trem outra vez e pocava...<br />
– Quantas vezes vocês iam pra Barra?<br />
João – Ah, <strong>de</strong>morava! Demorava tempo, assim, <strong>de</strong>morava um mês assim, um<br />
mês e pouco pra ir na Barra direto, assim, porque o lugar é longe, né, era<br />
longe”.(João <strong>de</strong> Deus Falcão dos Santos, 52, 15.08.01)<br />
No trajeto, algumas paradas para o <strong>de</strong>scanso na beira dos córregos, on<strong>de</strong> se fazia a<br />
refeição:<br />
“João - A gente viajava aquelas época, eu era menino e meu pai, dia <strong>de</strong> ir pra<br />
Barra, ele botava 4 cacho <strong>de</strong> mandioca, 6 cacho <strong>de</strong> mandioca e fazia 2 saco <strong>de</strong><br />
farinha pra levá pra Barra. Muito beiju, né, melado <strong>de</strong> coco, que ia levá pra<br />
Barra, ia lá pra vendê, então...Aí fazia, aí levava, dois animal. Aí botava os<br />
33