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indígenas, mas a que ocupava maior território era a dos botocudos, que também ofereceram<br />

maior resistência ao branco do século XVI ao XIX.<br />

“Os botocudos (...) habitavam as costas brasileiras, e no período <strong>de</strong> seu<br />

máximo <strong>de</strong>senvolvimento, dominavam entre as latitu<strong>de</strong>s sul <strong>de</strong> 13 graus e 23<br />

graus. Já no início do século XIX, contudo, estavam confinados entre os Rios<br />

Doce e Pardo (15 graus a 20 graus <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> sul)”.<br />

O próximo trecho da viagem do Príncipe MAXIMILIANO dá-se na foz do rio<br />

Itaúnas, próximo ao manguezal da Guaxindiba e à atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conceição da Barra:<br />

“Aproximadamente a meia légua <strong>de</strong> S.Mateus, o pequeno rio Guaxindiba<br />

<strong>de</strong>semboca no mar. Costuma-se embarcar nele e subir 3 léguas até a fazenda<br />

das Itaúnas, que pertence ao ouvidor da comarca <strong>de</strong> Porto Seguro, o Sr.<br />

Marcelino da Cunha. As margens do pequeno rio, então caudaloso, são<br />

vestidas <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong>nsa; perto do mar ela é formada principalmente<br />

pelos mangues, cuja casca se usa para curtir couros. A água é barrenta, como<br />

a da maioria dos pequenos córregos da mata, no Brasil, e o peixe é<br />

abundante; quando passávamos, alguns pescadores tinham justamente<br />

pescado uma canoa cheia. Saltamos numa roça <strong>de</strong>serta e parecendo<br />

abandonada, on<strong>de</strong> esplêndidos ananases (Bromelia) medravam selvagens,<br />

gran<strong>de</strong>s, sumarentos e cheirosos. Abacaxis bons <strong>de</strong> comer não se encontram<br />

no Brasil em estado selvagem, mas são fartamente cultivados em sítios,<br />

vingando tão vigorosamente como plantas silvestres. Utiliza-se também este<br />

fruto para a fabricação <strong>de</strong> aguar<strong>de</strong>nte; para o mesmo fim é empregado ainda<br />

o fruto do cajueiro” 29 .<br />

Interessante é notar, já em 1815, a presença <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pescadores, atestando as<br />

antigas origens extrativistas da comunida<strong>de</strong> tradicional local. Quanto à “roça abandonada”,<br />

parece estampar as práticas da agricultura itinerante,<br />

“possibilitada não apenas pelas reservas <strong>de</strong> terra nova e fértil, imensas para<br />

uma população esparsa, como também pelo sistema <strong>de</strong> sesmarias e posses;<br />

sobretudo estas, que abriam para o caipira a possibilida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong><br />

29 MAXIMILIANO, op.cit.,p.172.<br />

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