18.04.2013 Views

Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que não existia o eucalipi, senão você ia ver, você comia peixe aí a vonta<strong>de</strong>,<br />

hoje o pobre não acha nem uma piaba pra comer! Que acabou as água, só tem<br />

o canal do rio...Não pega nada ! (...)<br />

-E os córregos aqui ?<br />

Seu Osmar – Os córrego, tudo tinha água. Depois com os eucalipi, os eucalipi<br />

formaram mesmo, do jeito que você tá vendo, tem eucalipi <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mateus aqui,<br />

é tudo eucalipi, e aí foi diminuindo, foi secando os córrego, foi secando as<br />

lagoa...<br />

- Tinha lagoa ali, seu Osmar ?<br />

Seu Osmar – Tinha... tinha lagoa nesses lugar aí, tem lagoa. Aqui no Angelin<br />

tinha... quantas lagoa ? Uma... duas lagoa ! Quando do tempo <strong>de</strong> enchente, era<br />

bocado botar canoa pra passar pr’aqui, que ninguém podia passar.<br />

- E já tinha esse aterro aí, essa estrada ?<br />

Seu Osmar – Já, já, já, tinha sim, a estrada. Então, aí <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>pois disso as<br />

água, as água quando chove aqui, num dá mais pra encher nem lagoa nem<br />

córrego... os córrego virou terra. Nóis saía daqui pra, pra Barra, às vezes saía<br />

tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> casa e ia tomando banho nesses córrego. Hoje, só se vê água na<br />

igrejinha. Se tiver com se<strong>de</strong>, só se vê água na igrejinha... Num tem córrego<br />

nenhum. Era uma beleza, aqui era uma beleza, agora...Agora, agora eu num<br />

sei o que vai acontecer... com os que tão nascendo, tão crescendo...”(Osmar<br />

Souto, 76, em 03.05.99)<br />

Convergindo com Seu Osmar, Dona Alaí<strong>de</strong>, da Comunida<strong>de</strong> negra <strong>de</strong> <strong>São</strong> Domingos<br />

(ela não sabe sua ida<strong>de</strong>), também testemunha a seca dos rios e lagoas, criatórios <strong>de</strong> peixe,<br />

embora não i<strong>de</strong>ntifique suas causas:<br />

“Dona Alaí<strong>de</strong> – O peixe é porque secô as lagoa, secô os córrego, num tinha<br />

peixe mais.<br />

– Tinha muita lagoa aqui ?<br />

Dona Alaí<strong>de</strong> – Tinha duas.<br />

– E dava peixe ?<br />

Dona Alaí<strong>de</strong> – Dava.<br />

– E as lagoas secaram ?<br />

Dona Alaí<strong>de</strong> – Tudo.<br />

- Por que, Dona Alaí<strong>de</strong> ? Por que a senhora acha que secou ?<br />

Dona Alaí<strong>de</strong> – Num sei, num sei por causa <strong>de</strong> quê.<br />

131

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!