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Cambucá e pitangueira.<br />

Coquinho <strong>de</strong> guriri era <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista<br />

Gagiru na praia dava, que talvez ainda exista<br />

Fruta silvestre se encontrava, só se fazendo uma lista” 36<br />

No final da década <strong>de</strong> 1940, entretanto, toda esta paisagem começaria a ser<br />

transformada. Por esta época, inicia-se o soterramento da antiga Vila <strong>de</strong> Itaúnas, com areia<br />

trazida da praia pelos ventos Nor<strong>de</strong>ste e Sul. A areia gastou cerca <strong>de</strong> 30 anos para efetivar o<br />

soterramento total e, durante este tempo, os moradores tentavam retirá-la das ruas, praças e<br />

moradias, aos montes. Encontrando os obstáculos das construções e da vegetação, a areia<br />

foi fixando-se provisoriamente e construindo dunas móveis no antigo espaço da Vila.<br />

Histórias para explicar a causa do fenômeno? Muitas. Uma <strong>de</strong>las atribui a autoria a um<br />

castigo do padroeiro <strong>São</strong> Brás, por ter sido trocado por <strong>São</strong> Sebastião. Outras dizem que a<br />

causa está na retirada da mata <strong>de</strong> restinga, que segurava a areia nesta região litorânea <strong>de</strong><br />

feição geomorfológica <strong>de</strong> dunas fixas. Por quais motivos a vegetação teria sido retirada?<br />

Devido ao mau cheiro que exalava sua área utilizada como banheiro; <strong>de</strong>vido ao perigo<br />

representado pelos tiros dos caçadores ao redor da Vila; <strong>de</strong>vido às próprias trilhas <strong>de</strong><br />

acesso ao mar, que podiam representar corredores para os ventos carregarem a areia solta<br />

dos caminhos. Embora não haja consenso entre as possíveis causas, um elemento parece<br />

permear a maioria das versões: por algum motivo, houve a retirada da vegetação litorânea<br />

em frente à Vila, <strong>de</strong>ixando a areia solta para a ação dos ventos Nor<strong>de</strong>ste e Sul. O<br />

interessante é constatar que o início do soterramento coinci<strong>de</strong> com o início da exploração<br />

da ma<strong>de</strong>ira-<strong>de</strong>-lei na região, po<strong>de</strong>ndo ter incentivado um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> progresso <strong>de</strong> “abertura”<br />

paisagística da Vila ao mar.<br />

“Deu-se, porém, o inverso daquilo que se esperava<br />

Pois o vento do nor<strong>de</strong>ste com a força que soprava<br />

Começou a fazer um teste no <strong>de</strong>scampado que estava.<br />

Aproveitando o verão que o sol ali reluzia<br />

De manhã soprava brando, <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> se enfurecia<br />

A areia ia levando, o seu serviço fazia”.<br />

“Os dias foram passando e os anos nem se contavam<br />

Firme estava o nor<strong>de</strong>ste<br />

As areias continuavam <strong>de</strong>slocando para o oeste<br />

36 FONSECA, Hermógenes Lima da. A Vila <strong>de</strong> Itaúnas – a vila que foi soterrada. Folhetos da Memória<br />

Popular n.º1. Conceição da Barra, Edições Cricaré, 1980.<br />

36

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