Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...
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4.1. “Vocação ma<strong>de</strong>ireira”<br />
4<br />
Lógicas diversas, Territórios sobrepostos<br />
Até o início do século XX, o Norte do Espírito Santo exibia gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>nsa floresta tropical. MEDEIROS 74 afirma que, até então, embora a região guardasse o<br />
que havia <strong>de</strong> melhor em Mata Atlântica, a indústria ma<strong>de</strong>ireira localizada no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> utilizava apenas o pinho-<strong>de</strong>-riga importado da Letônia, Lituânia e Estônia. A<br />
peroba-do-campo proveniente <strong>de</strong> Campos, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, foi a primeira espécie <strong>de</strong><br />
ma<strong>de</strong>ira nativa a substituir as ma<strong>de</strong>iras importadas: era ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> troncos retos, uma das<br />
mais bonitas da Mata Atlântica e servia para vários serviços. Esta <strong>de</strong>scoberta estimulou as<br />
serrarias do Rio <strong>de</strong> Janeiro a saírem à procura <strong>de</strong> “reservas” da peroba:<br />
“A exuberância da Mata Atlântica do Espírito Santo (...) começou a ser<br />
liquidada <strong>de</strong> vez, a golpes <strong>de</strong> machados e serras, no início do século XX. Dos<br />
anos 20 em diante, um <strong>de</strong>stemido grupo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireiros (...) abriu a trilha da<br />
<strong>de</strong>vastação, que seria percorrida por outros <strong>de</strong>sbravadores em busca da<br />
riqueza com o comércio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira (...). Eles <strong>de</strong>rrubaram árvores em extensas<br />
matas ao longo das regiões <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mateus e Conceição da Barra (...),<br />
praticamente 70% <strong>de</strong> toda a região norte do Estado”. 75<br />
A primeira região do Espírito Santo a ser explorada correspon<strong>de</strong> à área da bacia<br />
hidrográfica do rio Itaúnas. Na época, o governo do Estado preocupava-se com a ocupação<br />
do Extremo Norte do Espírito Santo, uma vez que o acesso a esta região <strong>de</strong> fronteira era<br />
dificultado pelas <strong>de</strong>nsas matas e ausência <strong>de</strong> estradas e existia o temor <strong>de</strong>la ser invadida ao<br />
Norte pela Bahia. Para efetivar a ocupação <strong>de</strong>sta região, o Estado <strong>de</strong>fine políticas <strong>de</strong><br />
exploração ma<strong>de</strong>ireira:<br />
“Os irmãos Donato, por exemplo, donos <strong>de</strong> uma das maiores serrarias do Rio,<br />
<strong>de</strong>ram com os costados no Espírito Santo à procura <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> floresta para<br />
garantir o suprimento <strong>de</strong> sua indústria. (...) Iniciaram a ativida<strong>de</strong> por volta <strong>de</strong><br />
74<br />
MEDEIROS, Rogério. “Ciclo da peroba inicia o <strong>de</strong>sbravamento do Norte”. In: Jornal A Gazeta. Vitória,<br />
11.07.<br />
75<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
72