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Segundo DIEGUES 86 , o caráter informal <strong>de</strong>stes territórios <strong>de</strong> uso comum facilita a<br />

especulação imobiliária e a grilagem da terra. Estes mecanismos contribuíram para a<br />

consolidação da agroindústria <strong>de</strong> celulose no Espírito Santo da década <strong>de</strong> 1970, quando a<br />

monocultura do eucalipto para exportação <strong>de</strong> celulose se estabelece na escala e estrutura<br />

industriais. A agroindústria –o ápice da produção agrícola capitalista- concretiza numa<br />

única pessoa física o proprietário da terra, o capitalista da agricultura e o capitalista da<br />

indústria. Seu lucro permanente existe sob a forma <strong>de</strong> renda da terra, trazida pela<br />

fertilida<strong>de</strong> do solo e localização, e é ampliado pela mecanização. A maior produtivida<strong>de</strong> é<br />

alcançada através da engenharia genética, que busca <strong>de</strong>senvolver espécies mais resistentes e<br />

<strong>de</strong> crescimento mais acelerado, e do uso constante <strong>de</strong> adubos, agrotóxicos e herbicidas.<br />

OLIVEIRA 87 analisa este processo <strong>de</strong> industrialização da agricultura brasileira através do<br />

movimento realizado pelo capital, que ora monopoliza o território, colocando a produção<br />

camponesa a serviço da indústria (como no caso dos produtores <strong>de</strong> fumo do Sul do país),<br />

ora se territorializa <strong>de</strong> forma monopolista (como no caso da agroindústria da celulose),<br />

on<strong>de</strong><br />

“Capitalista da indústria, proprietário <strong>de</strong> terra e capitalista da agricultura têm<br />

um só nome (...), [varrendo] do campo os trabalhadores, concentrando-os nas<br />

cida<strong>de</strong>s, quer para serem trabalhadores da indústria, comércio ou serviços,<br />

quer para serem trabalhadores assalariados no campo (bóias-frias). (...) A<br />

monocultura se implanta e <strong>de</strong>fine/ caracteriza o campo, transformando a terra<br />

num ‘mar’ <strong>de</strong> cana, <strong>de</strong> soja, <strong>de</strong> laranja, <strong>de</strong> pastagem, etc.”<br />

GRAZIANO da SILVA 88 afirma que os Complexos Agroindustriais Brasileiros são<br />

fomentados entre 1965 e 1985 em substituição aos Complexos Rurais do Período Colonial,<br />

no projeto <strong>de</strong> “mo<strong>de</strong>rnização da agricultura brasileira”, que estampava o interesse do<br />

governo militar em aumentar a balança comercial com a exportação. A consolidação da<br />

agroindústria <strong>de</strong> celulose no Espírito Santo produz a maior concentração <strong>de</strong> terra que já<br />

houve em algumas regiões do Estado, terra que era responsável pela existência <strong>de</strong>stas<br />

comunida<strong>de</strong>s tradicionais.<br />

86 DIEGUES, Antônio Carlos. O mito mo<strong>de</strong>rno da natureza intocada (2.ª ed.). <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Hucitec, 1998.<br />

87 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino <strong>de</strong>. “A Geografia Agrária e as transformações territoriais recentes no<br />

campo brasileiro”. In: CARLOS, Ana Fani A.(org) Novos caminhos da Geografia. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Contexto,<br />

1999, p. 106.<br />

88 GRAZIANO da SILVA, José. A nova dinâmica da agricultura brasileira. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Unicamp, 1996.<br />

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