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3.5. Presença negra no Ticumbi, Jongo e quilombos<br />

“Glorioso <strong>São</strong> Binidito, hoje eu vim li participá<br />

que não si po<strong>de</strong> mais vivê neste mundo assim como está.<br />

Daí um jeito neste vosso mundo para as coisa melhorá,<br />

vós combinai com <strong>São</strong> Mateus para nos auxiliá”. 56<br />

O Ticumbi é uma das marcas que ainda caracterizam as comunida<strong>de</strong>s locais como<br />

tradicionais. É o tempo da festa presente, do encontro marcado ano a ano, do relembrar os<br />

antepassados idos, do culto ao santo negro. Na Vila <strong>de</strong> Itaúnas, é o momento <strong>de</strong> receber<br />

visitantes e parentes da região, das cida<strong>de</strong>s e do “sertão”. Visitantes para a celebração ao<br />

santo do Ticumbi, <strong>São</strong> Benedito, e também ao padroeiro da Vila, <strong>São</strong> Sebastião; grupos <strong>de</strong><br />

Reis <strong>de</strong> Boi, Jongo e Alardo, que vêm prestigiar a festa e, assim, mais uma vez, reafirmar<br />

traços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

A “brinca<strong>de</strong>ira” do Ticumbi preenche gran<strong>de</strong> parte do espaço lúdico e sagrado.<br />

Berna<strong>de</strong>te LYRA 57 afirma que o Ticumbi faz parte do universo banto das congadas e tem<br />

como círculo geográfico ritualístico a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conceição da Barra, a povoação <strong>de</strong><br />

Santana, a zona do “Sapé do Norte” –na qual se encontra Itaúnas-, além das povoações <strong>de</strong><br />

Campinas e Barreiras, às margens esquerda e direita do rio Cricaré:<br />

“<strong>São</strong> Mateus, incluindo a população <strong>de</strong> Barra, atual município <strong>de</strong> Conceição<br />

da Barra em que se localiza o ritual do Ticumbi, era o maior centro <strong>de</strong><br />

escravos do Espírito Santo. (...) Os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sse enorme contingente<br />

negro habitam o interior dos municípios <strong>de</strong> <strong>São</strong> Mateus e Conceição da Barra.<br />

Vivem em roças on<strong>de</strong> cultivam mandioca, conservando hábitos próprios<br />

herdados dos antepassados e integrando uma imensa comunida<strong>de</strong> negra on<strong>de</strong><br />

todos são parentes e/ou compadres, concentrando-se na região rural. Dessa<br />

comunida<strong>de</strong> negra sai o Ticumbi” 58 .<br />

O Ticumbi é também chamado <strong>de</strong> “Brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>São</strong> Benedito”, não só no sentido<br />

do lazer e divertimento, como também no da representação. O primeiro grupo <strong>de</strong> Ticumbi<br />

56<br />

NEVES, Guilherme dos Santos. “Ticumbi”. Folclore, vol.II. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 1953, pp. 19-48<br />

57<br />

LYRA, Maria Berna<strong>de</strong>te Cunha <strong>de</strong>. O jogo cultural do Ticumbi. UFRJ, Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em<br />

Comunicação, 1981.<br />

58<br />

LYRA, op. cit., pp. 25 e 32.<br />

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