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3.1. Primeiros relatos<br />
Segundo o arqueólogo Celso PEROTA 19 , os primeiros vestígios humanos em Itaúnas<br />
nos remetem a quatro períodos distintos: o <strong>de</strong> pescadores e coletores litorâneos que<br />
utilizavam a pedra lascada e polida; o período da agricultura, da pesca e da cerâmica; o<br />
período <strong>de</strong> contato dos primeiros europeus com a população indígena e a fundação da Vila<br />
<strong>de</strong> Itaúnas; o <strong>de</strong>senvolvimento da Vila Antiga <strong>de</strong> Itaúnas. Os testemunhos dos dois<br />
primeiros momentos são sítios arqueológicos que abrigam instrumentos <strong>de</strong> pedra e cacos <strong>de</strong><br />
cerâmica utilitária; os períodos restantes trazem vestígios mais recentes e encontrados<br />
quase na superfície das areias que soterraram a antiga Vila <strong>de</strong> Itaúnas. Aprofundando a<br />
análise, a arqueóloga Irmhil WÜST assim classifica os sítios arqueológicos locais:<br />
“Desta forma, conhecem-se até agora para o extremo norte do Estado do<br />
Espírito Santo, entre a faixa costeira da foz artificial do rio Itaúnas e da foz do<br />
Riacho doce, 18 sítios arqueológicos que representam quatro culturas distintas.<br />
(...) Trata-se <strong>de</strong> dois sítios do período pré-cerâmico que se situam entre<br />
aproximadamente 1550 a.C. a 150 d.C. (Perota, 1990), <strong>de</strong> quatro sítios <strong>de</strong><br />
portadores da fase Itaúnas (<strong>de</strong>finida por Perota, 1969) e que correspon<strong>de</strong><br />
provavelmente a uma ocupação <strong>de</strong> um grupo pré-colonial filiado ao tronco<br />
lingüístico Macro-Jê, <strong>de</strong> sete sítios da tradição Tupiguarani e que po<strong>de</strong>m ser<br />
i<strong>de</strong>ntificados com falantes da língua Tupi, além <strong>de</strong> cinco sítios do período<br />
histórico, cuja ocupação se inicia ao redor <strong>de</strong> 1850 e se esten<strong>de</strong> em parte até a<br />
primeira ou mesmo até segunda meta<strong>de</strong> do século XX”. 20<br />
Na documentação escrita, os primeiros registros históricos <strong>de</strong> Itaúnas datam <strong>de</strong><br />
viagem <strong>de</strong> reconhecimento e estudos do príncipe MAXIMILIANO, <strong>de</strong> Wied Newied, entre<br />
1815 e 1817 – uma entre as muitas realizadas durante o século XIX pelas terras do Brasil.<br />
Ao caminhar pela região entre a Bahia, o Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais, o naturalista<br />
<strong>de</strong>screve o trecho que vai do rio Doce, em Linhares, atual estado do Espírito Santo, ao rio<br />
Alcobaça, em Caravelas, Bahia. Na peregrinação, “ovos <strong>de</strong> tartaruga, com que enchiam as<br />
mochilas”, “choças dos índios feitas <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> palmeira”, “gran<strong>de</strong>s florestas” com<br />
“abundância <strong>de</strong> jacarandá, vinhático, putumunju, sergueira e outras ma<strong>de</strong>iras úteis”, dão<br />
19 CUCA – Cultura capixaba. Ano II, n.º 5, jul/<strong>de</strong>z 1986:6.<br />
20 WÜST, Irmhild. “Arqueologia: catálogo do material arqueológico”. In: Plano <strong>de</strong> Manejo do Parque<br />
Estadual <strong>de</strong> Itaúnas. Brasília, Simbios, abril/ 2000, p.1.<br />
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