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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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manejada em larga escala para alimentar o complexo agroindustrial celulósico ? No manejo<br />

florestal da agroindústria <strong>de</strong> celulose estão presentes: o plantio ao redor <strong>de</strong> nascentes, zonas<br />

<strong>de</strong> recarga hídrica e cursos d’água; a retirada <strong>de</strong> matas ciliares; o assoreamento dos rios<br />

principalmente na época do corte e plantio, quando o solo fica mais exposto; a diminuição<br />

do manto orgânico no solo, provocando a diminuição da umida<strong>de</strong> local; a contaminação da<br />

água e do solo por agrotóxico e herbicida; a morte biológica do solo; o manilhamento e<br />

represamento dos rios e córregos com a construção das estradas para o transporte do<br />

eucalipto (realizado por gran<strong>de</strong>s carretas); a abertura <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong> barro e areia (para a<br />

manutenção <strong>de</strong> estradas) próximas a cursos d’água e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> “lagoas”. Somado a este<br />

manejo no setor florestal está o consumo <strong>de</strong> água realizado pelas fábricas <strong>de</strong> celulose, cujo<br />

exemplo mais gritante foi a abertura do Canal Caboclo Bernardo, com 42 quilômetros <strong>de</strong><br />

água do Rio Doce, em Linhares, alimentando as fábricas no município <strong>de</strong> Aracruz. A<br />

construção do Canal interfere ainda mais no já prejudicado volume d’água do Rio Doce e<br />

acontece com o aval da Secretaria <strong>de</strong> Estado para Assuntos do Meio Ambiente –SEAMA,<br />

como tantos outros projetos da Aracruz Celulose.<br />

No Extremo Norte do Espírito Santo, este manejo florestal, somado à monocultura da<br />

cana e às pastagens, respon<strong>de</strong> pela escassez <strong>de</strong> água vivenciada em 1998 e responsável pela<br />

inserção da região na área <strong>de</strong> abrangência das políticas assistencialistas da SUDENE.<br />

Segundo MEDEIROS 154 , até 1995 já tinham <strong>de</strong>saparecido 156 córregos no município <strong>de</strong><br />

Conceição da Barra. Assim a seca foi produzida nesta região originalmente riquíssima em<br />

água e, como conseqüência, cerca <strong>de</strong> 5.000 barragens proliferaram na bacia hidrográfica do<br />

rio Itaúnas para alimentar irrigação e gado, a maioria sem qualquer rigor técnico ou<br />

fiscalização. Na ocasião do período das chuvas <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001, 70% <strong>de</strong>stas<br />

barragens foram <strong>de</strong>struídas, ocasionando a subida repentina do nível e da velocida<strong>de</strong> dos<br />

cursos d’água, com a inundação <strong>de</strong> moradias, a perda <strong>de</strong> criações e o carregamento <strong>de</strong><br />

manilhas sob as estradas, entre outras catástrofes.<br />

A perda da qualida<strong>de</strong> da água é atestada por alguns <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

rurais: os agrotóxicos e herbicidas utilizados em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> nos plantios do<br />

eucalipto escoam para os leitos dos rios e córregos contíguos, contaminando as águas,<br />

matando os animais e envenenando trabalhadores.<br />

154 MEDEIROS, op. cit., p.124.<br />

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