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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras - World ...

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permaneceram no interior, ao longo dos pequenos afluentes do rio Cricaré e do<br />

rio Itaúnas, principalmente na região conhecida como região do sapê. (...) as<br />

condições propícias ao aquilombamento e sobretudo o retorno aos mo<strong>de</strong>los<br />

negros tribais após a libertação muito contribuíram para a taxa atual da<br />

população <strong>de</strong> cor, uma das mais elevadas do Estado”. 72<br />

Segundo CARRIL 73 , a visibilida<strong>de</strong> adquirida por estas comunida<strong>de</strong>s em todo o país<br />

adveio da valorização econômica que seus territórios passaram a adquirir com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento industrial impulsionado pelo Centro-Sul. No Extremo Norte do Espírito<br />

Santo, hoje cercadas pelos extensos plantios <strong>de</strong> eucalipto estas comunida<strong>de</strong>s queixam-se<br />

das dificulda<strong>de</strong>s e carências ditadas pela não disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras, pelo fim da água<br />

potável <strong>de</strong>vido à seca, assoreamento e contaminação <strong>de</strong> cursos d’água, pela proibição <strong>de</strong><br />

uso <strong>de</strong> quaisquer recursos naturais –ma<strong>de</strong>ira, cipó, caça e pesca-, pela imposta ausência <strong>de</strong><br />

vizinhos. As festas religiosas constituem raras ocasiões em que ainda se mantêm os<br />

encontros entre si. Dona Luzia, 75 e Maria do Rosário, 34, testemunham as origens do<br />

Ticumbi e sua continuação na mesma família pelo Mestre Tertolino, do Baile <strong>de</strong> Congo <strong>de</strong><br />

<strong>São</strong> Benedito, <strong>de</strong> Conceição da Barra:<br />

“Chapoca - As festas tradicionais …A festa do negro aqui era a festa <strong>de</strong> <strong>São</strong><br />

Benedito, era festa tradicional, do pessoal <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> matriz africana...<br />

– Des<strong>de</strong> o começo sempre foi <strong>São</strong> Benedito ?<br />

Chapoca – E tá acabando...<br />

Maria do Rosário – Mais forte, né.<br />

– Por que é <strong>de</strong> <strong>São</strong> Benedito a festa, Dona Luzia ?<br />

Dona Luzia - Ah, porque dia primero <strong>de</strong> ano, né, aí fazia aquela festa <strong>de</strong><br />

pan<strong>de</strong>iro, <strong>de</strong> congo, né, inda tem aí …<br />

- E ele é padroeiro aqui então da comunida<strong>de</strong> ?<br />

Dona Luzia – É. Tem um cunhado meu que até ensaia, que representa, todo<br />

ano.<br />

– Tem ainda congo ?<br />

Dona Luzia – Tem …<br />

– Congo ou é Ticumbi?<br />

72 LYRA, op.cit., pp. 28, 30, 31.<br />

73 CARRIL, Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Fátima Bezerra. “Territórios negros: comunida<strong>de</strong>s remanescentes <strong>de</strong> quilombos no<br />

Brasil”. In:Informa n.º 67. <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, AGB, 4.º trimestre/97, p. 6.<br />

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