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mandado daqueles home, né, do IBAMA, e subia lá naquela lagoa <strong>de</strong> lá, ele foi<br />

<strong>de</strong>ntro da lagoa mesmo, foi pra <strong>de</strong>ntro da lagoa catando papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da<br />

lagoa...Uai, e meus filho tá aí em casa com fome, morrendo <strong>de</strong><br />

fome...”(Dorotéia Batista, 75, em 04.05.99)<br />

Embora existam estas proibições a nível legal, AMARO 136 afirma que no ano <strong>de</strong> 1997<br />

cerca <strong>de</strong> 74% das proprieda<strong>de</strong>s do entorno do Parque continuavam a manter algum tipo <strong>de</strong><br />

vínculo com a cobertura vegetal original, através do uso <strong>de</strong> produtos originados do<br />

extrativismo da ma<strong>de</strong>ira, ervas medicinais e alimentação -caça e pesca.<br />

Entretanto, por outro lado, a criação do Parque Estadual <strong>de</strong> Itaúnas conseguiu colocar<br />

os freios necessários à <strong>de</strong>struição local que ocorria na época, como foi relatado no caso do<br />

Hotel Barramar, bem como nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento das áreas <strong>de</strong> mata nativa que<br />

restavam e sua substituição pela monocultura do eucalipto. Esta limitação tem sua<br />

importância reforçada quando se sabe que cerca <strong>de</strong> 1/3 da atual área do Parque<br />

compreen<strong>de</strong>m proprieda<strong>de</strong>s das empresas do setor florestal e seus projetos <strong>de</strong><br />

“reflorestamento”. Sob esta ótica, alguns moradores vêm o Parque como o “po<strong>de</strong>r da<br />

instituição” necessário:<br />

“Caboquinho – É...esse IBAMA aí, ó, eu falo com as filha porque, porque que o<br />

senhor...esse...o senhor que tem o nome mais antigo que o...eu num conheci,<br />

ouvi falar, né, nem esse...ai, meu <strong>de</strong>us, antes do Castelo Branco, João Goulart,<br />

ou Castelo Branco, que são os dono disso aqui, que são os dono do direito e do<br />

saber, por que que eles num fizeram isso antes ? Se é nativa, bem, se não é<br />

nativa, vamo botar aquelas árvore pra dar, se já tá lá, tudo danado, mas<br />

precisava acabar com isso tudo ? Foi uma distinção ! Uma distinção ! Depois<br />

que seu Collor, que Collor po<strong>de</strong> ser ruim como for, mas Collor fez uma gran<strong>de</strong><br />

coisa no país. Agora, por que ? Foi uma das coisa que a maior utilida<strong>de</strong> que<br />

ele teve foi essa, criar o Parque. Senão, a nossa Amazônia já tinha ido embora,<br />

já tinha ido embora. Com o Parque lá, o IBAMA lá, eles tão que não tão<br />

roubando ma<strong>de</strong>ira, tão fazendo o diabo ! E se num tivesse, seria bem pior !<br />

Tava bem pior ! Então, eu digo... não souberam valorizar o nosso país, o nosso<br />

Brasil !” (Ângelo Camillo, 61, em 05.05.99)<br />

136 AMARO, Jefferson Penellas. Análise do sistema <strong>de</strong> produção e das relações ambientais dos pequenos<br />

agricultores do entorno do Parque Estadual <strong>de</strong> Itaúnas. Monografia em Engenharia Florestal, UFLavras,<br />

julho <strong>de</strong> 1997.<br />

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