Folha de rosto - Arca - Fiocruz

formadas após a hospitalização. Por um lado, constatou-se que no caso das
redes preexistentes a disciplinarização do espaço hospitalar se dá
exclusivamente em torno do fluxo de visitantes admitidos ou não na UTIN. Não
há nenhum outro meio instituído através do qual haja um controle dos
cuidadores profissionais sobre estas redes. Neste sentido, muitas vezes os
profissionais encarregados de supervisionar a entrada e saída destas visitas se
sentem - de acordo com a psicóloga Renata - apenas como: “meio que
porteiros”.
Mas, em contrapartida, percebe-se que os mecanismos disciplinares se
tornam plurais quando exercidos sobre as redes internas. Constituídas a partir
da convivência entre as mães abrigadas no alojamento - como demonstrado no
capítulo antecedente - estas redes se encontram submetidas a diversos
ditames da ordem institucional. O primeiro deles diz respeito ao uso do próprio
espaço do alojamento. São onze, como expostas no anexo 5, as normas que
regem o alojamento de mães. E algumas buscam, inclusive, disciplinar a
circulação das mães pelas demais dependências da maternidade na medida
em que preconiza que as mães se vistam de forma “adequada ao ambiente
hospitalar”.
Logo, torna-se pertinente introduzir a questão da temporalidade de modo a
melhor compreender a disparidade das iniciativas institucionais face às redes
internas e face às preexistentes. O fato de determinadas redes já estarem
constituídas antes da sua presença na maternidade em muito constrange a
margem de interferência por parte dos profissionais. As tramas já estão
trançadas e os caminhos delineados por seus integrantes, como nota um
100
membro da equipe de saúde mental que diz: “a impressão que tenho, pelo o