Folha de rosto - Arca - Fiocruz

sempre tentando uma ajudar à outra”. Ou as de Marli: “o apoio maior está
sendo aqui dentro”.
As redes que se constituem a partir da comunhão de uma vivência e de
uma situação de exceção são ego - centradas ou “redes pessoais”, isto é,
construídas a partir das conexões diretas entre seus integrantes (Faber e
Wasserman, 2002: 35). A seleção de seus membros se dá a partir de escolhas
pessoais, como ilustra um trecho da fala de Amanda: “não todo grupo, mas
sempre tem duas ou três que sobressaem, que a gente consegue ter mais
afinidade”. Há entre as mães uma homogeneidade circunstancial e uma
heterogeneidade estrutural, como pondera novamente Amanda:
“A gente está num lugar em que todos tem o
mesmo problema, né, pra mim ali ninguém é
ninguém, todas somos mães com problemas com
seus filhos, acho que isso é tinha que prevalecer,
mas não é assim que funciona... eu não consigo
escutar muita futilidade, eu fico muito nervosa”.
E os arranjos das redes internas têm uma transitoriedade acentuada, dado
o fato de que a duração da estadia da mãe no alojamento depende da
evolução do tratamento do seu filho. Durante a pesquisa tornou-se nítida a
existência de uma rede formada por mães que estavam há mais tempo no
hospital. Estas tomavam para si o encargo de “animar” as recém chegadas, de
modo a perpetuar uma cadeia ou corrente de apoio, como demonstra o
depoimento de Joana: “quando vem uma menina e eu vejo que ela está
precisando, aí eu falo: ‘olha, aconteceu isso e isso com meu filho’. Como
fizeram comigo”.
Excepcionalmente, a duração destas redes de suporte se estende para
além do período de internação dos bebês. A intensidade e qualidade dos
vínculos estabelecidos durante a permanência no hospital determina seu
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