Folha de rosto - Arca - Fiocruz

Mas, mais ainda, aponta para uma questão similar àquela indicada acima
que é a do risco de um isolamento social a ser vivido pelos pais dos recém
nascidos internados. A ameaça é concreta: diversas pesquisas demonstram
como a extensão temporal da doença suscita a redução do arco de interações
sociais (Ramos, 2002 e Sluzki, 1997). Até porque, argumentam estes autores,
a presença da doença diminui a potencialidade do paciente - inclusive daqueles
que, como os pais dos bebês, encontram-se diretamente envolvidos com quem
está sob cuidados médicos ininterruptos - de desenvolver atitudes de
reciprocidade as quais são fundamentais para o incremento das relações em
rede. E vale lembrar que “os vínculos estão baseados precisamente neste
princípio de quid pro quo” (Sluzki, 1997: 78). Ou, de acordo com os adeptos da
Teoria das Trocas (Blau, 1964 apud Ramos, 2002), a doença acarreta um
desequilíbrio na balança de trocas sociais ou, em outras palavras, a ausência
de uma equidade. Caso tenham lugar num quadro de doença as trocas jamais
serão igualitárias (Ramos, 2002).
4.1.4.2. - Eixo informativo
Habitualmente a instituição hospitalar é encarada pelos usuários de seus
serviços como um local de domínio de uma linguagem que não lhes é acessível
porque incompreensível, como demonstram estudos clássicos como o de
Boltanski (1960) e Balint (1988). E toda UTI neonatal, na medida em que
constitui um reduto de reconhecida predominância de recursos tecnológicos,
costuma ser um ambiente no qual diversos jargões de conhecimento restrito
aos profissionais especializados tendem a ser reproduzidos. A utilização de
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