Folha de rosto - Arca - Fiocruz

Portanto, tais atitudes demonstram como não há qualquer cálculo embutido
nas trocas que alicerçam a constituição destas redes internas de suporte. Ou,
em outras palavras, distanciam-se de interpretações equivocadas do conceito
de dádiva que tendem a menosprezar a relevância dos valores morais para
inúmeros atores sociais. Afinal este tipo de “postura teórica’’ rejeita” a
existência do altruísmo, da generosidade e de valores morais não
individualistas “(Elster, 1994, Silber, 1998 apud Campos, 2003: 224). Ou seja,
não reconhece que os pilares das alianças traçadas entre as mães dos bebês
hospitalizados estão calcados sobre a solidariedade.
Com o decorrer do tempo de permanência das mães no alojamento
verifica-se uma tendência ao desenvolvimento de outras atividades de suporte.
As mães alojadas conversam mais entre si, juntas inventam momentos de
descontração como o “café da tarde” e passeiam nas redondezas do hospital
porque, como exemplifica Helena: “dá muito nervoso ficar direto aqui, tem de
animar... se distrair na rua também, esfriar a cabeça”.
As alianças ficam ainda mais estreitas, mesmo porque os conflitos -
devidamente identificados - são mais bem administrados por suas
protagonistas como mostra a fala de Diana: “tem dia que a gente não quer
falar, tem dia que a gente não está a fim... mas daí as meninas já sabem, já me
conhecem e, de repente, vou pra casa pra ficar bem quieta”.
Entrementes, chama atenção o fato de que com o passar dos dias também
se nota uma crescente intolerância das mães para com as reuniões
organizadas pelo setores de saúde mental e de serviço social. Realizados com
o intuito de favorecer a troca de experiências e facilitar, conseqüentemente, o
estreitamento de vínculos e ocasionalmente a formação de redes internas
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