Folha de rosto - Arca - Fiocruz

4.2 - Redes de suporte que se formam a partir da internação do bebê na
UTIN
As redes de suporte aos pais, constituídas a partir da internação do recém
nascido, apresentam características que as diferenciam das que existiam antes
deste período. Dentro do hospital as redes de suporte são formadas por pais
de bebês que se agregam de maneira espontânea. Na medida em que são
compostas por parceiros que na maioria das vezes sequer se conheciam antes
da ocorrência deste evento extraordinário, isto é, a hospitalização no começo
da vida, não têm em pauta qualquer previsibilidade de apoio. A eventualidade
de uma ação de suporte não é antevista e, por conseguinte, exigida dentre os
pais de bebês que se enredam no âmbito do hospital.
A reciprocidade entre aqueles que compartilham da dor e se solidarizam
com os pais que estão com seus filhos internados não comporta nenhum tipo
de cálculo ou de “racionalidade instrumental” (Campos: 2003: 217). Ou, em
outras palavras, sua sociabilidade está baseada muito mais na compreensão
de que a solidariedade é uma possibilidade, a ser ou não aproveitada. Trata-se
mais de uma prerrogativa do que de uma obrigação. Não há expectativas de
ajuda e, com isso, não há vestígio de qualquer demanda por trocas simétricas
entre os integrantes das redes de suporte. Com isso desaparecem também as
chances de implosão das tramas estabelecidas a partir da hospitalização
neonatal.
Embora algumas das redes formadas se estendam para além do período
de permanência do bebê na UTIN, a maioria tende a ter uma existência e raio
de ação circunscrito ao ambiente hospitalar. Neste sentido serão doravante
73