Folha de rosto - Arca - Fiocruz
Folha de rosto - Arca - Fiocruz
Folha de rosto - Arca - Fiocruz
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Esta comunicação só é possível porque, diz Joana: “sempre tem um<br />
médico que fala nossa linguagem, não fala na medicina assim (...) falam <strong>de</strong> um<br />
termo que a gente possa enten<strong>de</strong>r”. Sem dúvida, esta fala corrobora a<br />
assertiva <strong>de</strong> que o acolhimento humanizado em saú<strong>de</strong> passa necessariamente<br />
pelo estabelecimento <strong>de</strong> uma “re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversações” (Teixeira, 2003: 98) e<br />
não pela imposição <strong>de</strong> um vocábulo exclu<strong>de</strong>nte porque exclusivo do corpo<br />
médico (Boltanski, 1960). É imprescindível que sejam criados canais dialógicos<br />
entre os profissionais e os usuários, sob risco <strong>de</strong> prejudicar os encontros<br />
intersubjetivos (Artmann e Rivera, 2006).<br />
A importância do diálogo é tamanha que os membros da equipe <strong>de</strong><br />
enfermagem passam a ser vistos como pólos <strong>de</strong> suporte pelos pais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
se constituam como interlocutores freqüentes. Joana, por exemplo, relata como<br />
uma técnica <strong>de</strong> enfermagem sentou junto com ela diante da incubadora e<br />
passou a conversar tanto consigo quanto com seu filho: “nossa, foi <strong>de</strong>mais... <strong>de</strong><br />
uma hora pra outra aquele bebê pequenino virou gente, parecia que ele<br />
entendia tudo (...) ah <strong>de</strong>pois daquele dia, não passa um que eu não procure ela<br />
pra bater um papo”. Este <strong>de</strong>poimento evoca alguns estudos acerca <strong>de</strong> como o<br />
ato <strong>de</strong> falar com os recém nascidos é da maior relevância para a construção <strong>de</strong><br />
sua subjetivida<strong>de</strong> (Boisson-Bardies, 1999; Martinez, 1997).<br />
Para as enfermeiras e técnicas <strong>de</strong> enfermagem estas conversas com as<br />
mães fazem parte da dinâmica <strong>de</strong> cuidados requisitados pelas famílias dos<br />
bebês. Neste sentido, fala a enfermeira Graça: “da gente acho que elas querem<br />
que cui<strong>de</strong> bem do bebê <strong>de</strong>las, porque é a gente que mexe, a gente troca fralda,<br />
dá dieta, dá a medicação”. Ou então, exemplifica Laurinda - da mesma equipe:<br />
105<br />
“acho que é mais o acesso, o acesso á criança é a enfermagem que contribui