Folha de rosto - Arca - Fiocruz

aos membros das famílias dos pais do bebê. As únicas exceções aparecem
nas falas de Diana, Amanda e Nair que incorporam suas sogras, cunhados e
cunhadas às suas tramas de suporte.
Outro apoio de suma relevância para as mães entrevistadas é o oferecido
por seus companheiros. Todavia, nota-se que algumas mães - mesmo as
casadas - não incluem seus maridos entre os que mais lhe ajudam uma vez
que eles não permaneceriam “ao seu lado” na UTI porque estariam às voltas
com suas respectivas ocupações profissionais. Na medida em que esta
pesquisa teve lugar numa instituição com horário estendido (das 9h. às 21h.)
para a presença dos pais na unidade intensiva a ausência dos conjugues por
motivo de trabalho não é aceita pelas mães dos bebês. Neste sentido fala
Marli: “não é aquele graande apoio, ele vem, fica quinze minutinhos depois do
trabalho... não é aquela coisa que vejo de certos pais que ficam aí
praticamente o dia todo”.
Há uma demanda por companheirismo indicando que questões de gênero -
anteriormente em pauta somente entre as classes sociais de maior poder
aquisitivo - começam a ganhar espaço também entre a população de menor
renda. A concepção mais tradicional do homem como provedor e da mulher
como responsável pelos cuidados com a casa e com a prole, outrora
prevalente entre os pobres urbanos, não mais reina absoluta por conta de
recentes transformações sócio-culturais (Vaitsman, 1997). A maior quantidade
de famílias monoparentais - em sua maioria chefiadas por mulheres as quais,
conseqüentemente, têm de conciliar as tarefas domésticas com outras mais
rentáveis do ponto de vista econômico - fez com que determinados valores
mais tradicionais ou hierárquicos fossem questionados. De tal maneira que não
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