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Folha de rosto - Arca - Fiocruz

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“A gente questiona o tempo inteiro... é o que a<br />

gente mais questiona, se po<strong>de</strong>ria ser diferente... se<br />

a gente pu<strong>de</strong>sse ter feito alguma coisa diferente...<br />

mas, quando a gente começa a escutar a história<br />

<strong>de</strong> cada pessoa aqui <strong>de</strong>ntro, você vê que é <strong>de</strong>stino<br />

mesmo <strong>de</strong> cada um...”.<br />

Logo, há uma troca <strong>de</strong> experiências - cuja importância também foi apontada<br />

na parte <strong>de</strong>ste capítulo em que foram analisadas as re<strong>de</strong>s preexistentes - que<br />

se torna ainda mais eloqüente graças ao testemunho <strong>de</strong> Amanda. Através <strong>de</strong><br />

uma narrativa composta a partir <strong>de</strong> um “ouvir participativo” (Penn, 1999: 11)<br />

nota-se um esforço para resignificar as histórias vividas. Há uma tentativa <strong>de</strong><br />

atribuir um sentido ao que é por <strong>de</strong>mais doloroso.<br />

O ponto <strong>de</strong> partida das trocas <strong>de</strong> experiências é a mencionada solicitu<strong>de</strong><br />

entre os interlocutores. Estas conversas só têm lugar por conta da<br />

generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias mães as quais, como Diana, contam que: “às vezes<br />

você chega ali no corredor e tem alguém chorando, você abraça ela mesmo<br />

sem você conhecer: ‘Olha não fica assim. Vai dar tudo certo!’. É assim.” Afinal,<br />

explica a mesma mãe entrevistada: “não é todo mundo que agüenta, algumas<br />

pessoas recebem aquilo e ficam mal, não tem estrutura”. Ou então, não se está<br />

num dia “bom” como relata Rosa: “ quando estou <strong>de</strong>primida, meio triste elas<br />

perguntam por que eu estou assim... elas conversam comigo”.<br />

Outrossim, estes diálogos engendrados entre as mães por entre os<br />

corredores e recintos do hospital - no qual percorrem, junto com seus filhos,<br />

uma via crucis - po<strong>de</strong>m ser analisados sob a ótica do conceito <strong>de</strong> “dádiva”<br />

(Mauss, 2003: 185). Introduzido por Mauss para tentar enten<strong>de</strong>r a dinâmica das<br />

relações sociais em socieda<strong>de</strong>s arcaicas, este conceito nem sempre foi<br />

<strong>de</strong>vidamente apreendido por sucessivos estudiosos que passaram a utilizá-lo<br />

com uma ênfase excessiva no cálculo ou em valores utilitaristas que<br />

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