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Folha de rosto - Arca - Fiocruz

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prolongamento. Para tanto, são marcados encontros, por exemplo, no<br />

ambulatório <strong>de</strong> acompanhamento das crianças após a alta hospitalar. Ou<br />

mesmo passeios e visitas às respectivas residências.<br />

A importância <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> combinação é a <strong>de</strong> que acena concretamente<br />

com um <strong>de</strong>vir favorável que é, em si, fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

trocas afetivas entre o bebê e seus pais. Diversos estudos mostram como o<br />

nascimento <strong>de</strong> um bebê que precisa <strong>de</strong> cuidados médicos intensivos no início<br />

da vida po<strong>de</strong> suscitar entre seus pais uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinvestimento ou <strong>de</strong><br />

ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo em relação ao recém nascido (Braga et al., 2001; Mathelin,<br />

1999; Morsch; 1990). Projetos páram <strong>de</strong> ser construídos para aquele cujo<br />

futuro é incerto. Além disso, as mães dos bebês hospitalizados - especialmente<br />

as dos que estão em pior estado clínico - enfrentam dificulda<strong>de</strong>s para<br />

reconhecer seus próprios filhos, indica Mathelin: “como sentir-se mãe <strong>de</strong>ste<br />

bebê que não dá sinal, que não mama no seio, que não olha, que não sendo<br />

em momento algum tranqüilizante, não ‘fabrica”mãe’?” (1999: 67).<br />

E, na medida em que um “bebê não existe sozinho” (Winnicott, 1993: 42),<br />

ou seja, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do olhar do outro para se constituir como sujeito (Zornig et<br />

al., 2004), po<strong>de</strong>m - se antever as <strong>de</strong>sastrosas conseqüências. Sendo assim,<br />

torna-se indispensável que apostas - por mais banais que pareçam ser - ou<br />

investimentos afetivos sejam recuperados. Afinal, “quando a realida<strong>de</strong> é<br />

aterrorizante, o <strong>de</strong>vaneio traz uma louca esperança” (Cyrulnik, 1999: 39). Daí a<br />

pertinência <strong>de</strong> planos como o expresso por Helena a respeito <strong>de</strong> um passeio<br />

combinado com parceiros <strong>de</strong> sua re<strong>de</strong> interna: “qualquer hora a gente ainda vai<br />

andar <strong>de</strong> barca, só esperar as crianças ter alta que a gente vai!”.<br />

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