Folha de rosto - Arca - Fiocruz

trabalho. Também foram freqüentes os relatos acerca dos parceiros de rede
que certamente gostariam de prestar algum tipo de ajuda material, mas que
não dispõem de qualquer bem material para tanto. Por vezes estas pessoas
lançam mão do recurso que têm para tentar ajudar indicando, mais uma vez, a
generosidade que perpassa estas interações sociais. A fala de Nair é
ilustrativa: “minha irmã está desempregada. Não dá pra me ajudar assim, mas
ela de vez em quando vai lá em casa, faz alguma coisa”.
Logo, nota-se que o auxílio nas tarefas domésticas também é valorizado.
Trata-se de uma população cuja renda certamente não comporta o pagamento
de ajudantes. As redes de suporte têm de ser acionadas para que as casas dos
pais dos bebês sejam cuidadas ao longo do período de internação. Neste
sentido, variados arranjos são orquestrados como a colaboração de vizinhos,
de familiares que moram próximo ou mesmo que vêm de longe como mostra o
depoimento de Helena: “minha sogra e minha cunhada chegaram do Ceará,
tão lá em casa, são elas que lavam a roupa, minha sogra cozinha, arruma a
casa”. Esta mãe, assim como a maioria das entrevistadas, estava hospedada
no alojamento de mães de modo que poucas vezes por mês visitava sua
própria casa.
O fato da maioria das mães entrevistadas ter companheiro e, mesmo
assim, raramente contar com sua ajuda para dar conta dos afazeres
domésticos sugere que o cuidado com o lar seja uma atribuição
exclusivamente feminina. Sem dúvida, esta concepção acerca das funções
domésticas tem como base um modelo de família nuclear. Entretanto, reflexões
como as de Fonseca (1997) e as de Guedes e Lima (2006) indicam que para
os membros das classes populares a incorporação desta divisão de trabalho
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