Folha de rosto - Arca - Fiocruz

Esta característica da temporalidade das redes internas vai de encontro a
reflexões anteriores - expostas em outras partes desta dissertação - sobre a
questão de que muitas vezes o preenchimento das funções de suporte se
sobrepõem às pessoas que as desempenham. Em outras palavras, estas redes
formadas pelas mães que permanecem no alojamento durante a internação
dos seus bebês apresentam uma expressiva plasticidade. E os critérios de
escolha dos parceiros de rede são delineados a partir da adesão às ações de
suporte, como mostra a fala de Amanda: “sempre tem umas pessoas que
permanecem mais unidas dentro do alojamento mesmo que me ajudaram”.
4.2.2. - Como atuam as redes de pais formadas a partir da internação
De acordo com o indicado, as mães que se aglutinam são, antes de tudo,
pessoas que estão atravessando momentos plenos de vicissitudes. Para
amparar seus filhos sentem necessidade de serem elas próprias amparadas.
De forma espontânea, buscam ajuda junto às suas companheiras de infortúnio,
como relata Joana:
“Ah, apoio assim, porque às vezes eu ficava
deitada, estatelada, dormindo, aí elas ficavam
assim: ‘Que que foi? Teu filho tá bem?’ Aí eu
começava a chorar, aí a Diana começava a contar
tudo que aconteceu com a filha dela, todo
processo... aí isso tudo me levantava... o apoio foi
assim, naturalmente mesmo... ‘Ah hemorragia
pulmonar? O meu teve hemorragia no cérebro é
mais grave’... aí dava aquela força”.
Trata-se também de um período de reflexão sobre angústias comuns a
todas as mães, como ilustra este depoimento de Amanda no qual expressa
suas dúvidas se a sua história com seu bebê poderia ter decorrido de outra
maneira:
78