Folha de rosto - Arca - Fiocruz

critério biológico para firmar seus limites. Diversos estudos indicam a falácia do
modelo nuclear (Gueiros, 2002; Hotimski e Alvarenga, 2002; Serapioni, 2005).
A família dificilmente está restrita ao núcleo domiciliar, uma vez que faz parte
de um agrupamento maior que é o do parentesco.
Esta assertiva acerca da amplitude da família é particularmente pertinente
quando se está lidando com populações de escassos recursos materiais
(Fonseca, 1997 e Sarti, 2003b) como os pais dos recém nascidos
hospitalizados. Mesmo porque, muitas vezes, constituem o que pode ser
descrito como “casas muradas e famílias abertas” (Guedes e Lima: 2006: 133).
Ou exemplificado pela fala de Fernanda: “é um quintal, lá todo mundo é família,
minhas tias, meu avô, todo mundo mora num quintal”. Ou por Ana: “no meu pai
é um terreno grande, então eu tenho minha casa e a da minha irmã que mora
em cima da minha mãe”.
Ambos os depoimentos - de Fernanda e de Ana - demonstram que a família
extensa e de portas abertas comporta mais de uma geração, constituindo
assim a dita “família ampliada” (Ministério da Saúde, 2002: 50). A convivência
intergeracional e a prática de circulação de mais pessoas - além de parentes
consangüíneos - entre as unidades domésticas é prática corrente entre os
pobres urbanos há mais de um século (Fonseca, 1997). De fato, foram as
classes sociais economicamente mais abastadas que aderiram com mais vigor
ao modelo de família conjugal. As de menor poder aquisitivo continuaram a
abrigar em suas casas muito mais do que o casal e seus filhos, sendo que os
limites da família são estabelecidos de acordo com a máxima de que “a família
é gente com quem se conta” (ONU, 1994).
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