Folha de rosto - Arca - Fiocruz
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uma linguagem que reforça a clivagem <strong>de</strong> conhecimentos entre o médico e seu<br />
paciente (Balint, 1988) contribui para a mencionada sensação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>snorteamento experimentada pelos pais dos bebês internados.<br />
Neste contexto tornam-se fundamentais as trocas <strong>de</strong> informações entre<br />
companheiros <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suporte. Exemplar é a fala <strong>de</strong> Sara que conta que é<br />
a sua mãe que: “vai lá, conversa com os pediatras, vai e olha”. O papel <strong>de</strong><br />
intermediação exercido pela avó do bebê facilita, ou melhor, atenua as<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação onipresentes na relação médico-paciente. E, sem<br />
dúvida, representa um dos aspectos da maternagem ampliada. Afinal, a mãe<br />
da mãe - ao contrário da mãe do recém nascido - não tem <strong>de</strong> lidar com o<br />
ferimento ao seu narcisismo provocado pelo nascimento <strong>de</strong> um bebê <strong>de</strong>stoante<br />
<strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al há muito cultivado (Mathelin, 1999). Na medida em que esta<br />
questão não atinge lhe diretamente, a avó - por vezes - encontra-se mais<br />
disponível para tentar dialogar e compreen<strong>de</strong>r o quadro <strong>de</strong> seu neto.<br />
Entrementes, muitas vezes as mães dos bebês necessitam recorrer aos<br />
seus parceiros <strong>de</strong> re<strong>de</strong> para obter informações por conta <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s mais<br />
objetivas do que as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m subjetiva - como as indicadas no parágrafo<br />
acima. Há ocasiões em que o estado clínico da mãe após o parto inviabiliza um<br />
acompanhamento mais efetivo do quadro <strong>de</strong> seu filho, como mostra a fala <strong>de</strong><br />
Nair: “não pu<strong>de</strong> acompanhar a cirurgia do meu filho porque tinha acabado <strong>de</strong><br />
fazer cesárea, quem foi com ele foi meu pai... aí veio me contar tudo”.<br />
Os relatos <strong>de</strong> experiências também são ressaltados pelos pais dos bebês<br />
como maneiras <strong>de</strong> ajuda oferecidas por seus parceiros <strong>de</strong> re<strong>de</strong>. Fernanda, por<br />
exemplo, conta como sua sogra costuma tranqüilizá-la: “diz que ele vai ficar<br />
direitinho porque ela já teve um menino <strong>de</strong> seis meses que agora está por aí<br />
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