Folha de rosto - Arca - Fiocruz

aprontando”. A mesma atitude tem a mãe de Roberta, pois fica lembrando para
sua filha como seu irmão, tio do recém nascido, nasceu: “tão pequeno que
cabia numa caixa de sapato”. Estes comportamentos configuram parte do que
Helman denomina como “setor informal da assistência à saúde” (2003: 96).
Graças à opinião de pessoas próximas aos afetados por doenças determinados
tratamentos médicos são ou não reconhecidos e, conseqüentemente,
assimilados por seus beneficiados em potencial.
Além disso, a troca de experiências é, sobretudo, uma narrativa. E, como
tal, tem a capacidade de organizar experiências limítrofes - como a doença -
que passam a ser inscritas no universo cultural de quem narra e de quem
escuta (Gomes e Mendonça, 2002). Através da construção de um enredo é
atribuído um sentido ao que foi vivenciado, sendo que os familiares de Roberta
e de Fernanda conferem uma significação positiva às suas respectivas
histórias.
E, por fim, outra importante forma de apoio informativo é o que facilitou o
acesso das gestantes a esta maternidade. A troca de informações e,
sobretudo, os contatos desenvolvidos por alguns dos membros das redes de
suporte foram responsáveis pela obtenção de uma vaga num sistema de
assistência à saúde notoriamente sobrecarregado. O relato de Luiza é
emblemático: “aí meu marido foi na casa da Inês, aí ela começou a entrar em
contato com as amigas dela que uma é chefe daqui e outra do Fernandes
Figueira [hospital federal para atendimento materno-infantil]”. Ou seja, descreve
conhecimentos pessoais que se tornam estratégicos porque é através deles
que se consegue assegurar “o atendimento e, na medida do possível, de forma
rápida” (Deslandes, 2002: 98). Dada as mencionadas dificuldades de acesso
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