Folha de rosto - Arca - Fiocruz

que a gente vê, é que quando ela [a mãe] tem essa ajuda, essa ajuda persiste,
quando ela não tem, não tem!”.
Diante das redes preexistentes ou externas caberia - e não é pouca coisa -
aos representantes da instituição hospitalar tentar facilitar o trânsito e a
presença dos parceiros de rede junto aos pais que estão atravessando
momentos plenos de vicissitudes. E/ou evitar interpor obstáculos entre os pais
e seus parceiros. E, deste modo, prevenir uma eventual implosão destas redes
de apoio cujas ações de suporte são cruciais. Afinal, como discutido desde o
primeiro capítulo, há sempre o risco da ausência de seus companheiros de
rede ser confundida pelos pais dos bebês como uma omissão ou abandono.
Por sua vez, as redes internas estão em formação. Praticamente não tem
história prévia e com isso, ou melhor, sem ela, encontram-se mais vulneráveis
diante de eventuais ações de terceiros. Seus integrantes ainda não têm um
passado em comum que os ajude a fazer frente a um presente marcado pelas
intervenções de profissionais de saúde, por exemplo. E, mais ainda, o fato das
redes internas formadas por pais serem constituídas no âmbito do hospital
favorece iniciativas de regulação por parte da instituição.
Mas também há uma outra questão que incide sobre a dissonância
encontrada entre a atitude dos profissionais em relação aos dois tipos de rede
de suporte formadas pelos pais. Diz respeito à racionalidade médica e seu foco
em torno da ordem. Tanto que o exercício da medicina é, antes de tudo, a
aplicação de uma técnica capaz de classificar os sintomas para então poder
tratá-los, como afirma Foucault:
“A clínica pede ao olhar tanto quanto a história
natural. Tanto e até certo ponto a mesma coisa: ver,
isolar traços, reconhecer os que são idênticos e os
que são diferentes, reagrupá-los, classificá-los por
espécies ou famílias” (1994: 100).
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