Folha de rosto - Arca - Fiocruz
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conforto que é o fato do seu pai morar perto e passar todas as noites em sua<br />
casa enquanto sua mulher e a filha ficam no hospital. Outros entrevistados<br />
contam experiências semelhantes, <strong>de</strong>stacando a importância <strong>de</strong>stas atitu<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> companheirismo. Afinal, os pais dos bebês hospitalizados - tal qual os<br />
doentes propriamente ditos (Sluzki, 1997) - ten<strong>de</strong>m a vivenciar uma restrição<br />
<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> a qual minimiza a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> travar novos contatos sociais<br />
fora do ambiente hospitalar. Isto porque todas as duplas parentais<br />
experimentam, como indicado, um misto <strong>de</strong> sensações entremeadas por<br />
sentimentos <strong>de</strong> incompetência, atordoamento e, principalmente, <strong>de</strong> culpa por<br />
ter posto no mundo um bebê “frágil e in<strong>de</strong>feso”. O acabrunhamento é<br />
generalizado e, com isso, os pais evitam expor o que está se passando para<br />
quem não é conhecido ou para quem não tem qualquer noção sobre a<br />
dimensão dramática inerente à internação neonatal. Daí a relevância <strong>de</strong>, neste<br />
momento <strong>de</strong> sofrimento tão intenso, po<strong>de</strong>r compartilhar <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong><br />
intimida<strong>de</strong> com os parceiros das re<strong>de</strong>s integrais preexistentes.<br />
Antes <strong>de</strong> encerrar a análise sobre a companhia propiciada pelos membros<br />
das teias sociais <strong>de</strong> apoio aos pais dos recém nascidos há <strong>de</strong> se registrar sua<br />
eventual transitorieda<strong>de</strong> como mostra a fala <strong>de</strong> Roberta: “as visitas diminuem,<br />
enten<strong>de</strong>u? As pessoas não vêm com tanta freqüência como <strong>de</strong> início”. As<br />
justificativas para estes comportamentos são variadas como retorno aos<br />
afazeres do cotidiano, obtenção <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho ou falta <strong>de</strong> dinheiro para<br />
passagem. Em comum há a necessida<strong>de</strong> dos motivos estarem, mais uma vez,<br />
explícitos sob pena da ausência das re<strong>de</strong>s ser confundida pelos pais com uma<br />
forma <strong>de</strong> abandono.<br />
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