Folha de rosto - Arca - Fiocruz
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ela: “a gente vê que eles não gostam do que fazem”. Ou então um pai, como<br />
José:<br />
“Aqui <strong>de</strong>ntro não tive contato direto com ninguém,<br />
nem a enfermeira fala com a gente direito. Tem<br />
umas que são (...) Educação zero! ‘Sai daqui que<br />
eu vou pesar [o bebê]’ não tem educação. A gente<br />
cheio <strong>de</strong> problemas, com a cabeça quente... ‘Sai<br />
daí que vou pesar’ e não ‘me dá licença que vou<br />
pesar (...) Tem várias coisas, vou fazer o quê? Tem<br />
gente que não nasce para esse certo tipo <strong>de</strong><br />
profissão, enten<strong>de</strong>u?”<br />
Ambos os <strong>de</strong>poimentos po<strong>de</strong>m ser dimensionados à luz do conceito <strong>de</strong><br />
responsivida<strong>de</strong> o qual lida com a maneira “como o <strong>de</strong>senho do sistema <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> reconhece e consegue respon<strong>de</strong>r às expectativas universalmente<br />
legitimadas [grifo das autoras] dos indivíduos em relação aos aspectos não-<br />
médicos dos cuidado” (Vaitsman e Andra<strong>de</strong>, 2005: 606). Trata-se <strong>de</strong> um<br />
instrumento <strong>de</strong> aferição do grau <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços oferecidos aos<br />
usuários do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> menos subjetivo do que o <strong>de</strong> satisfação<br />
(Vaitsman e Andra<strong>de</strong>, 2005; Williams, 1994). Muitas vezes a noção <strong>de</strong><br />
“satisfação” tem mais a ver com um nível <strong>de</strong> expectativa que é relativo,<br />
principalmente se o mo<strong>de</strong>lo da relação profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> - usuário for o <strong>de</strong><br />
uma relação “paternalista”, <strong>de</strong> acordo com o qual a “verda<strong>de</strong>” sempre emana<br />
dos que <strong>de</strong>tém o conhecimento científico (Falkum e For<strong>de</strong>, 2001: 239). Há<br />
sempre a possibilida<strong>de</strong> do usuário ficar satisfeito sem que tenha lançado mão,<br />
necessariamente, <strong>de</strong> qualquer avaliação crítica dos serviços ao quais teve<br />
acesso (Vaitsman e Andra<strong>de</strong>, 2005).<br />
Logo, constata-se que quando os profissionais conseguem aten<strong>de</strong>r às<br />
pretensões “universalmente legitimadas” dos pais dos bebês internados na<br />
UTIN <strong>de</strong>sta maternida<strong>de</strong>, estes ten<strong>de</strong>m a qualificar como positivos<br />
<strong>de</strong>terminados plantões. Em outras palavras, os pais classificam como “bom”<br />
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