Folha de rosto - Arca - Fiocruz

parentes consangüíneos. Isto porque várias das relações existentes entre os
parceiros de redes de suporte “são expressas no idioma do parentesco”
(Guedes e Lima, 2006: 140), como será examinado a seguir.
4.1.2.2 - Redes das relações de parentesco
Muitos são os pais entrevistados que qualificam seus vizinhos com
designações geralmente destinadas a parentes consangüíneos, mostrando que
as fronteiras das redes de parentesco estão sobrepostas com as de vizinhança.
A utilização de termos tais como “prima” ou “irmã” serve para nomear as
pessoas que os pais dos recém nascidos incluem em suas “redes de
solidariedade primárias” (Serapioni, 2005: 249) e integrais já que são
caracterizadas por trocas constantes entre seus integrantes. Exemplar é a fala
de Laís: “minha comadre, fomos criadas quase juntas, tenho ela como irmã... a
gente mora próximo”. Ou a de Joana:
“Minha prima é assim... a minha mãe conheceu
minha madrinha, que quando minha mãe veio para
cá, minha mãe é do Norte, ela estava grávida de
mim... aí ela conheceu essa minha madrinha,
ajudou muito minha mãe... minha mãe começou a
trabalhar e ela ficou cuidando de mim até já
grande... minha mãe botou ela para me batizar e as
primas eu chamo de primas mas não são não, são
filhas dela...”.
Portanto, pode-se afirmar que as redes de parentesco são compostas
também por parentes de “consideração” (Guedes e Lima, 2006: 141) ou
“fictícios” (Bronfman, 2001: 113) que seriam aqueles incluídos por mérito, isto
é, próximos e leais o suficiente para serem encarados pelos pais dos bebês
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