Folha de rosto - Arca - Fiocruz

Capítulo 6 - Considerações Finais
114
“mas se eu esperar compreender para aceitar as coisas
- nunca o ato de entrega se fará. Tenho de dar o mergulho
de uma só vez, maegulho que abrange a compreensão e
sobretudo a incompreensão”.
Clarice Lispector
Ao investigar as práticas de suporte aos pais dos bebês perpetradas pelas
redes de apoio esta pesquisa concluiu que muitas dessas ações -
especialmente as protagonizadas pelas redes compostas a partir da
hospitalização - passam desapercebidas aos olhos de quem é profissional de
saúde.
O fato do trabalho de campo realizado para esta dissertação ter sido levado
a cabo numa unidade de saúde na qual está em pauta há muito tempo a
questão da necessidade de propiciar ao público um atendimento mais
humanizado, possibilitou a revisão de alguns pressupostos que norteiam a
discussão sobre as relações entre as instituições hospitalares e as redes de
suporte aos usuários de seus serviços.
Em primeiro lugar, ficou claro que no serviço de neonatologia observado
não predomina a idéia de uma necessária coincidência entre as fronteiras das
redes de suporte aos pais e as famílias consangüíneas dos pacientes. Neste
local a maioria dos profissionais compreende que os usuários de seus serviços
dispõem de diversos núcleos de inclusão social. De modo a evitar o
distanciamento dos pacientes destas matrizes de apoio, lhes é facultada a
presença dentro da UTIN. Tanto que aos pais dos bebês cabe, de livre arbítrio,
a seleção destes parceiros autorizados a penetrar num universo que - na
maioria das demais unidades de saúde - só é franqueado àqueles com quem a
dupla parental mantém laços de sangue.