Folha de rosto - Arca - Fiocruz

por vezes, esta concepção normativa acerca da postura materna ideal torna-se
hegemônica precisamente entre a equipe - a da enfermagem - que tem o
contato, como indicado anteriormente, mais constante com a família do bebê.
Por conseguinte, conflitos - expostos a seguir - se multiplicam.
Segundo Claudia, que é da equipe de saúde mental, esta tendência por
parte de muitas integrantes do serviço de enfermagem de “pré-determinar o
comportamento das mães” pode ocasionar ainda mais sofrimento entre as
mães. Elas se sentiriam “pré-julgadas”, como corrobora o seguinte depoimento
de Rosa - uma mãe hospedada no alojamento: “o pessoal lá da UTI me
perguntava se eu não gostava dele [do filho], diziam que eu não tinha carinho
de mãe e eu falava: ‘Não! É que eu não estou acostumada ainda’”.
De imediato, pode-se falar que ao menos duas questões perpassam o que
a assistente social Carmem define como uma “rotulação”. Para esta
entrevistada isto acontece quando “a equipe fica falando: ‘essa mãe não veio,
essa mãe não participa (...) não entende que é mãe’”. Nota-se que está em
jogo entre os profissionais de enfermagem o mito do amor materno, que
pressupõe a existência de um amor maternal inato (Badinter, 1991). Daí seu
incômodo diante de um suposto abandono dos filhos por suas mães. O mesmo
não acontece entre a equipe de saúde mental porque a mistificação do inato
amor materno é um tema recorrente na formação destes profissionais.
Pelo lado das mães dos bebês a questão em pauta - ilustrada pela
supracitada fala de Rosa - é a de que, muitas vezes, o serviço ou o pessoal de
neonatologia é encarado como um “juiz” da sua própria “incapacidade” de
finalizar a contento a gestação de um filho, compondo o denominado “mal
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