Folha de rosto - Arca - Fiocruz
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oupas para o bebê. O registro <strong>de</strong>sta mãe sobre o comportamento atual <strong>de</strong> sua<br />
ex-patroa é o <strong>de</strong> que ela “finge que está ajudando, eu acho que é porque ela<br />
tem medo <strong>de</strong> eu fazer alguma coisa”.<br />
O significado atribuído por Rosa à atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ex-patroa também po<strong>de</strong><br />
ser dimensionado à luz do conceito <strong>de</strong> patronagem, o qual comporta um<br />
sistema <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>. E, conseqüentemente, ocasiona a “existência <strong>de</strong><br />
expectativas culturais compartilhadas” cujos pólos seriam o “bom patrão” e o<br />
“mau patrão” (Velho, 2004). Sem dúvida, pon<strong>de</strong>ra o mesmo autor, as relações<br />
<strong>de</strong> patronagem não mais são hegemônicas nas metrópoles brasileiras. No<br />
entanto, as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Rosa <strong>de</strong>monstram que para alguns dos seus<br />
habitantes - especialmente os recém chegados <strong>de</strong> áreas rurais - os valores<br />
intrínsecos à patronagem ainda são relevantes. A tal ponto que não há perdão<br />
possível para a ex-patroa ou, melhor, “má patroa” <strong>de</strong> Rosa porque sua atitu<strong>de</strong><br />
teria sido “<strong>de</strong>sumana”, ou seja, não foi capaz <strong>de</strong> “zelar por sua subordinada”<br />
(Velho, 2004).<br />
Em suma, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que os diferentes sentidos que os pais dos<br />
bebês atribuem ao apoio eventualmente recebido e, sobretudo, as variadas<br />
expectativas face ao suporte que <strong>de</strong>veria estar sendo disponibilizado ou que<br />
estão <strong>de</strong> fato recebendo dizem respeito também aos tipos <strong>de</strong> tramas<br />
preexistentes e suas práticas. E serão estes os objetos das próximas partes<br />
<strong>de</strong>ste capítulo.<br />
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