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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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Já aconteceu de aluno chegar, estar na sala de aula, a professora estar arrumando<br />

a sala pra fazer tipo uma prova, uma avaliação e aí, no momento<br />

em que o outro olhou pra ele, ele não gostou porque o outro olhou, pegou<br />

o lápis e enfiou no outro. (Entrevista com funcionário de apoio, Salvador)<br />

Alguns seguranças também fazem referência à existência de determinados<br />

tipos de linguagens corporais que incitam o aluno a partir para a agressão<br />

física: Tá me olhando atravessado?!. Então entram pra lá e brigam, uns entram<br />

em briga com outros. Então, isso eu vejo direto.<br />

O ideário dos professores sobre motivos <strong>das</strong> brigas com agressões físicas<br />

<strong>entre</strong> os jovens sugere as orientações que seguem para lidar com essas situações.<br />

Há professores que tendem a naturalizar os comportamentos violentos,<br />

próprio da idade deles, o que implicitamente indica que não haveria porque<br />

intervir para modificá-los: De repente, o aluno está no jogo de futebol, aí<br />

na quadra, e de repente sai uma briga. Depois eles ainda querem discutir dentro<br />

de sala. Aí, tu tem que começar a separar as coisas. Com eles é natural, próprio<br />

da idade deles.<br />

Para muitos, os jovens estão violentinhos, sendo um comportamento quase<br />

instintivo, uma linguagem ou uma forma de comunicação de uma geração:<br />

A questão da violência na escola, eu vejo assim, como reflexo da comunidade.<br />

Realmente, o que mais acontece é xingamento, são socos, pontapés.<br />

Nessa idade eles precisam de contatos físico realmente. É necessário.<br />

Estão na fase de desenvolvimento e o contato físico é muito presente.<br />

Bom, então, como é que vai ser esse contato? Muitas vezes, se dá pelos<br />

chutes mesmo, empurrão, tapa. É uma forma também deles sanarem essa<br />

necessidade de contato. (Entrevista com professor, Porto Alegre)<br />

Alguns adultos observam que as brigas <strong>entre</strong> os alunos evidenciam o clima<br />

de competição em que eles vivem. Por isso, entende-se que não há nada de<br />

anormal nesses conflitos violentos: Eles brigam muito,(...) eu percebo que é em<br />

um clima de competição e eles nunca ficam inimigos por conta dessas brigas,<br />

parece uma coisa corriqueira <strong>entre</strong> eles.<br />

Em uma outra linha, há os que se preocupam e destacam o componente<br />

cultural, a questão de valores, como a valorização de ser valente, como uma<br />

forma de obter credibilidade, respeito e poder <strong>entre</strong> os demais e receber<br />

destaque, especialmente quando suas ações despertam sentimento de insegurança<br />

em outrem. Tal perspectiva tende a ser mais crítica, dá mais margem<br />

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